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21 DEZ 2020
NATAL - "O Presépio da Bemposta"
Por Jornal Abarca

Tristes com o antigo presépio de papelão, um conjunto de mulheres da Bemposta organizou a construção de uma nova representação do nascimento de Jesus. Helena Ferreira foi a artesã improvisada, e o resultado parece ter encantado os habitantes da Bemposta.

O pequeno jardim junto à fonte na Rua da Estação, na Bemposta, todos os anos serve de palco para o presépio da aldeia. As mulheres que dão vida à representação do nascimento de Jesus, estavam cansadas do cenário construído em papelão, mas tardava em ser encontrada uma solução.

Tudo acaba por surgir naturalmente, conta Helena Ferreira: “A D. Fernanda Bento tinha um borrego de louça com uma pata partida e pediu-me se eu lhe fazia uma peça nova e assim foi”. Helena, 47 anos, já era conhecida por várias obras que fez para o seu próprio jardim, como alguns animais ou fontes. Contentes com o resultado, rapidamente surgiu a ideia de Helena se encarregar de criar o novo presépio. As mulheres da aldeia juntaram-se e contribuíram para a aquisição dos materiais: “Foram só as mulheres”, diz bem disposta.

Natural de São Facundo, mas a residir na Bemposta quase há duas décadas, Helena não recusou o desafio. Ao todo são treze peças que construiu em apenas duas semanas, à média de uma por dia: “Fiz o menino Jesus, José, Maria, o burro, a vaca, os três reis-magos, o pastor e duas ovelhas, o anjo e uma estrela”, conta feliz. E explica, orgulhosa, que “foi tudo da minha cabeça, nunca ninguém me ensinou nada”.

O processo de construção leva a uma dedicação intensa. Apesar de ser operária fabril em duas empresas da região, não descansou enquanto não terminou o processo: “As peças têm a base em ferro e esferovite, para não ficarem demasiado pesadas”. O molde que dá contorno às peças é em cimento. “Moldei tudo com as mãos, com luvas não dava jeito. Fiquei cheia de gretas mas isso é o menos”, atira despachada. A pintura foi, também, resultado da sua imaginação.

As reacções não se fizeram esperar. “À medida que ia fazendo fui colocando no meu perfil do Facebook e as pessoas elogiaram muito, isso deu-me mais motivação para continuar”, explica. De tal modo que já pensa no próximo passo: “Para o ano quero continuar e fazer mais peças, como a lavadeira, umas galinhas ou os camelos dos reis-magos”. Esse processo foi obrigatoriamente interrompido este ano por via de uma cirurgia que efectuou no final de Novembro.

O presépio foi colocado no local habitual no dia 05 de Dezembro,perante o olhar curioso de vários populares. “As pessoas estavam muito felizes e eu também fico contente que as pessoas gostem. Não queria que pagassem uma coisa que não presta”. O sucesso foi tal que Helena já tem encomendas de algumas peças: “É um desafio que estou a adorar”.

O presépio é uma representação com bastante significado para a artista: “Significa amor, luz, harmonia e paz. Esta época traz alegria às pessoas”. Também por isso acredita que a mudança foi positiva: “O presépio em papelão tinha o significado na mesma, mas era um bocado triste”, desabafa. “Às vezes sento-me ali em frente, à noite, a ver as luzes com o presépio e dá-me um prazer enorme”.

 

Uma aldeia feliz
Almerinda Fernandes, proprietária da sapataria que mora ao lado do presépio, é quem fornece a luz: “Sempre fiz questão”, remata. A sua casa ilumina-se nesta época, por capricho do marido, Carlos, e causa um espectáculo a que ninguém fica indiferente. O presépio veio redobrar o sentimento de orgulho na paisagem criada: “Ficou muito bonito, foi uma óptima ideia”, diz Almerinda. 

Fernanda Bento, autora da sugestão para renovar o cenário, explica que “a professora Marília iniciou a tradição do presépio e não queria deixar morrer isto”. Sobre o resultado final, é peremptória: “Está muito bem feito”, salientando que todo o trabalho é de alguém que “não tem nenhuma formação”. Almerinda relembra a importância de “valorizar os artistas da terra”.

As três mulheres, juntas à conversa, projectam-se imediatamente para o Natal de 2021 e começam a desfiar um rol de novas personagens para completar e dar ainda mais vida ao novo presépio. Até porque será mais fácil a partir de agora agregar um número ainda maior de populares: “As pessoas depois de verem o resultado começaram a querer contribuir para se fazerem mais peças, mas este ano já não dá”, conta Fernanda Bento.

Helena promete não ficar por aqui: “Durante o ano vou fazendo as peças”. Ficamos à espera para ver.

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