É uma fortaleza digna e ostensiva, um belo exemplo da edificação militar muçulmana e já reconstruída ou recomposta algumas vezes que, estou certo, inspirou os criadores de algumas Disneylândias, pois ela própria surgiria de uma fantasia, se não conhecêssemos os propósitos originais da sua construção.

O episódio dos Doze de Inglaterra ganhou uma importância acrescida de epopeia por dele se ter encarregado a narrativa de Luís de Camões e por se tecer num limbo entre a realidade de factos documentados e a ficção permitida de feitos de cavaleiros portugueses em terras estranhas e distantes. Não espanta que, entre cronistas, nacionalistas abnegados, romancistas fantasistas e historiadores mais rigorosos dele se tenham produzido até hoje tantas versões. Só para a data da sua ocorrência, apontam-se pelo menos quatro anos: 1387, 1394, 1395 e 1398… (...)

Bravo e talvez amargurado por um amor infeliz com Isabel de Castro, o Magriço foi muito controverso e ficou famoso e reconhecido por toda a Europa com as suas façanhas. O Magriço, tal como D. Quixote de La Mancha, o “cavaleiro da triste figura” (figura apenas imaginada, mas muito bem imaginada por Cervantes) por andanças nas terras de Castela-La Mancha, era um homem que levava a sério e em plenitude a vida de um romântico cavaleiro andante: repunha a justiça quando ela faltava, reparava a honra quando ela parecia perdida, batalhava em disputas e corria atrás das aventuras onde elas ocorressem ou se proporcionassem. (...)

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