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13 JUN 2021
OPINIÃO | "Sol e Lua, em Junho de 2021", por Máximo Ferreira
Por Jornal Abarca

Neste mês de junho não haverá super Lua como em abril e maio, mas, desta vez, o nosso satélite natural vai produzir um fenómeno mais raro e mais interessante do que mostrar-se com um diâmetro aparente ligeiramente maior e proporcionar um luar um pouco mais intenso do que na generalidade das luas cheias. De facto, no dia 10 de junho, ocorrerá uma Lua Nova (e não Lua Cheia como nas super luas) muito especial, não só porque se colocará perfeitamente entre a Terra e o Sol, mas também porque – no momento do perfeito alinhamento – ela estará suficientemente afastada da Terra para parecer menor que o Sol e, por isso, não tapará a nossa estrela completamente, deixando um anel (anulus, em latim) luminoso em volta de um disco escuro (o lado da Lua voltado para nós e não iluminado pelo Sol).

No entanto, este “eclipse anular” só será visto a partir de uma faixa do nosso planeta, bem afastada de Portugal e que se estende do Canadá à Gronelândia e à parte norte da Rússia. Dessa região para sul, o “disco escuro” da Lua parecerá mais deslocado “para cima”, pelo que não se verá o anel mas sim uma parte considerável do disco solar, sendo tanto maior quanto mais para sul se encontrar o observador. Apesar de a extensão do nosso país não ser muito grande, os observadores na região norte verão um pouco mais de Sol tapado (cerca de 10%) do que quem se encontre nas proximidades da parte central do território (um pouco mais de 7%). Mesmo assim, a curiosidade que o fenómeno suscita, merece que se aproveite a ocasião para – com os cuidados indispensáveis – seguir o percurso da Lua desde o momento em que se vê o “bordo esquerdo” do “disco escuro”, como que “tocar” no disco luminoso do Sol (às 09:48) e progredir para a esquerda até originar a maior ocultação possível (às 10:34). Depois disso, o deslocamento continuará a ser observado até às 11:23, momento em que se passará a ver o disco solar completo. Mas … ATENÇÃO: não se deve olhar diretamente para o Sol, sob pena de a concentração da luz na retina provocar cegueira! Dos muitos métodos seguros para fazer a observação, talvez o mais fácil de encontrar sejam vidros das máscaras de soldador (ou mesmo pedir uma máscara dessas emprestada) pois não servem nem óculos escuros nem vidros fumados como antigamente se usava.

O Centro Ciência Viva de Constância fornecerá as informações solicitadas (info@constancia.cienciaviva.ptou telefones 249739066/911588984/926979346) para além de, no próprio dia 10 de junho, abrir portas ao público (inscrição prévia obrigatória), e transmitir o acontecimento pelo Facebook.

O citado deslocamento “para a esquerda” continuará com o tempo, de modo que, dois dias passados, a Lua já estará suficientemente afastada para a esquerda do Sol para que, ao fim do dia, seja possível ver o crepúsculo vespertino, nos lados de oeste e, um pouco mais acima, um fino crescente lunar, ou seja, uma pequena porção da metade da Lua permanentemente iluminada pela luz solar. Em cada noite ver-se-á uma parte maior (razão de se dizer que “a Lua está a crescer”) até que, cerca de sete dias depois, se avista exatamente metade da metade iluminada, ou seja, um quarto. Na verdade, a fase de Quarto Crescente deste mês de junho será alcançada no dia 18, uma sexta-feira, ocasião em que o Centro Ciência Viva de Constância promoverá um pequeno percurso pedestre noturno, desde as instalações até um ponto (a cerca de 800 metros) de onde se avista o rio Zêzere, cujas águas refletirão a luz solar que a Lua reflete para a Terra. No momento da chegada (cerca das 22:00), os participantes vão deparar-se com pequenos telescópios, os quais trarão para “mais perto” não só a Lua como Marte, a que se juntarão alguns “objetos celestes” (que os olhos humanos não alcançam) situados na região do “triângulo de verão”, então suficientemente elevado para – com a ajuda de ponteiros laser - identificarmos as constelações Lira, Águia e Cisne, bem como as posições da “nebulosa do anel” e do “enxame de Hércules”. Entretanto, o Escorpião como que espreita no horizonte, primeiramente mostrando apenas as estrelas que “desenham” as pinças do animal, seguidas de Antares (de cor idêntica à de Marte que, entretanto, vai “tombando” para oeste). Quando as curiosidades estiverem satisfeitas, o regresso far-se-á pela pequena floresta, ouvindo sons de insetos e outros animais noturnos e, uma vez por outra, observando borboletas atraídas pela luz de pequenas lanternas.

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