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23 SET 2021
OPINIÃO | "Eu Voto", por Adelino Pires
Por Jornal Abarca

E pronto. Chegados aqui, contagem decrescente para dia 26. Queimados os últimos cartuxos, dados os últimos mergulhos, eis-nos prontos para o que der e vier. Eleitores, candidatos, o futuro é já aí. Uns, optaram por carregar baterias. Outros, por descarregar calorias. Nem todos por evitar arrelias. Houve mini férias para todos os gostos antes que venham os desgostos do final do mês. Como o voto é secreto e um segredo é qualquer coisa que só se conta a uma pessoa de cada vez, a não ser os que já sabem, ninguém sabe em quem vai votar. Calculo que nem alguns dos próprios. É tempo de aquecer os motores.

Vejamos. Nalguns locais há gente que assustada com o que possa acontecer, é tão militante, tão militante, que como o voto é secreto, vota militantemente no candidato que mais lhe convém, embora diga que o faça no partido do coração, quotas em dia, tudo certinho direitinho. Afinal, ninguém vê, ou melhor, quem vê caras não vê corações. É cá um palpite. Outros, por não quererem mais maiorias absolutas, juram a pés juntos, absolutely not, que desta água não beberão. Cada qual bebe o que quer, naturalmente. Outros ainda, tenderão a ver nos novos partidos o escape para velhas desilusões. Desde o chega para lá, onde toda a gente diz que ninguém vota, mas que por obra e graça do espírito santo ou outro milagre qualquer, de repente, aparecerão umas cruzes, cruzes canhoto, salvo seja, que desta vez é à direita e, ora bolas, afinal, há mais gente do que se pensava, vá-se lá perceber porquê. Até às outras iniciativas, liberais e coisas que tais. Há oferta para todos os gostos. Mais do mesmo ou nada como dantes. Mais agrisalhados ou mais imberbes, mais recatados ou mais afoitos. Mais experimentados ou novatos nestas andanças.

Isto das eleições é uma coisa a modos que assim. Deveria ser uma coisa séria. E é. Se não fossem umas obras já feitas, agora refeitas e prontinhas a servir. Se não fossem uns corta-fitas, assim tipo faz de conta que fui eu que fiz. Com a placa do costume, sempre para memória futura. A política faz-se ou deveria fazer-se de compromissos. Assumir o compromisso com. Assumir o compromisso por. O prometido é devido. Ou de vidro. E por vezes parte-se. O compromisso é mais do que isso. É algo mais comprometedor. Que não quebra assim às primeiras.

Aproximam-se alguns debates. Seria bom que fossem claros. Perceber qual o compromisso de cada um e não as suas promessas talvez fosse melhor. Qualquer coisa de mais concreto. Falar de equipas e de pessoas. De competências. Quem faz o quê, como e quando? Clarificar, responsabilizar, comprometer.

Apesar de tudo, valha-nos o voto. Secreto, discreto ou assumido. E no final que se façam as contas. Para alguns será mais do mesmo. Para outros, nada será como dantes. Para todos, o sentimento do dever cumprido. Em consciência. Para quem ousou assumir-se. Para quem optou por optar. Secreta ou assumidamente. Mas que vote.

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