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04 OCT 2021
DIA MUNDIAL DO ANIMAL | "Amor Que Move Montanhas"
Por Jornal Abarca

A 04 de Outubro celebra-se uma data especial: o Dia Mundial do Animal. Fomos até Amiais de Baixo conhecer a história de três irmãs que tudo fazem pelo bem-estar dos animais com que se cruzam.

A vila de Amiais de Baixo, que a nascente do rio Alviela une ao concelho de Alcanena, é reconhecida pela fibra das suas gentes. Esta força que parece correr nas veias dos amienses é transversal a todas as idades.

A determinação com que as irmãs Débora, Martina e Letícia se têm dedicado à causa animal é notável, começando já a ser um trabalho reconhecido para lá das fronteiras da terra: de Alcanena, Torres Novas ou Santarém chegaram-nos relatos das “meninas que ajudam animais nos Amiais de Baixo”.

Conhecemos as irmãs no dia em que a Assembleia da República aprovou o projecto de lei pelo fim do acorrentamento animal. Assim que se toca no assunto Débora, 20 anos, estudante de medicina veterinária em Lisboa, ganha um brilho nos olhos.

O amor aos animais vem de criança. “Fui sempre assim”, assume. A mãe reforça: “Aos nove anos começou a dizer que queria ser veterinária”, sonho que está aos poucos a tornar-se realidade. As irmãs, com 14 anos, foram contagiadas pela mesma afeição.

A aventura de resgatar, cuidar e dar animais de companhia para “adopção responsável”, como faz questão de sublinhar, começou o ano passado: “Fomos alertadas sobre umas cadelas que andavam perdidas numa zona de mato perto do Alviela”, conta. Decidiram ir ao terreno verificar o que se passava e depararam-se com uma situação de total abandono e desprezo. “As pessoas pedem ajudam mas não estão dispostas a fazer nada para ajudar”, queixam-se as gémeas.

Com a irmã mais velha em Lisboa, foram elas que encararam o resgate como uma missão, e recolheram cerca de dez cães que conseguiram dar para adopção. Mas continuavam a aparecer cadelas na mesma zona, o que deixava as gémeas angustiadas.

Tanto chatearam a irmã mais velha que um dia Débora decidiu pôr mãos à obra. Sozinha conseguiu recolher três cães e foi até casa da avó: “Ela viu-me a chorar, sentada no chão, com os cães ao lado e teve pena”. Maria Helena sempre consentiu as aventuras das netas: “Ela tem um terreno junto à casa e os animais ficam lá provisoriamente até serem adoptados”, explica Dulce, a mãe.

Outro caso que não esquecem é o de Alex. “Recebemos um telefonema a denunciar a situação de três cães presos num sítio que parecia uma lixeira. Um deles estava acorrentado a uma árvore que não lhe permitia sequer estar no chão, ele estava sempre empoleirado na árvore”, lamenta. Apesar de a situação ser conhecida dos vizinhos, Alex esteve seis anos nestas condições até as irmãs o resgatarem. Neste momento, Alex continua à espera de adopção no PAAR – Projecto de Apoio a Animais de Rua, que se responsabilizou pelo animal.

O mais inacreditável, conta Débora, chegou depois. “Quando soube da situação fiz queixa ao SEPNA. Passado uns dias recebi um e-mail a dizer que o animal tinha sido encaminhado para uma instituição quando ele estava comigo”, conta estupefacta.

As pessoas começaram a recorrer à ajuda das três irmãs para recolher animais. A mãe vê esta situação com alguma preocupação: “Elas têm pena e querem ajudar, mas há pessoas que acham que elas têm a obrigação de ajudar”. Débora denuncia mesmo aquilo que considera ser uma espécie de chantagem emocional: “Dizem-nos que se não formos lá os animais vão acabar por morrer”. E elas vão.

 

Voluntários dos animais dos Amiais de Baixo
Conscientes de que sozinhas não conseguem chegar a todo o lado, as irmãs têm o sonho de criar uma associação na terra. O objectivo passa por conseguir ajudar mais animais mas, também, consciencializar a população para temas como o acorrentamento, a esterilização e o abandono.

Por enquanto, criaram a página “Voluntários dos Animais dos Amiais de Baixo” onde vão publicando fotografias e vídeos dos animais disponíveis para adopção.

Aos poucos começam a criar as bases para a sonhada associação: “No início preocupava-me mais porque eram elas sozinhas. Agora há pessoas que ajudam”, conta Dulce e faz questão de mencionar “Maria Isabelinha e Luís Rosado que alimentam colónias de rua e vão a Santarém com os animais quando é preciso”.

O grande mérito de Débora, Martina e Letícia vai para além de qualquer associação. O mais importante elas já têm: corações tão grandes que cabem neles todos os animais do mundo.

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