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19 FEV 2022
EDITORIAL | "A Vida da Gente", por Margarida Trincão
Por Jornal Abarca

Nunca gostei muito de horários. Por norma não chego atrasada, nem gosto de atrasar-me, mas há muito que não uso relógio e só, de quando em vez, olho para o telemóvel. Acho que me habituei a saber orientar-me sem ter uma maquineta que o faça por mim. Ou talvez a razão resida numa atitude inconsciente de saber que terei uma hora.

Uma vez numa conversa/palestra de António Lobo Antunes ouvi-o dizer: “As pessoas perguntam muitas vezes as horas antes de morrer”.

Vou criando os meus horários, alguns um pouco estranhos. Gosto de acordar pelas três da manhã, depois de duas ou três horas de sono, para voltar a adormecer perto das cinco e despertar de vez entre 6h30 e a sete. Enfim, digamos que durmo com intervalo para descansar, fumar um cigarro, escrever, ler ou ver um programa já exibido na RTP. E descubro sempre qualquer coisa. Afinal o serviço público de televisão tem emissões que valem a pena assistir. Documentários vários, programas sobre literatura, cultura, entrevistas, informação, filmes e séries acionais ou em co-produção a milhares de quilómetros de distância das intrigas telenovelescas, embora por vezes os actores sejam os mesmos. E temos muito bons actores. Vou gerindo porque o stock é limitado e o intervalo entre duas dormidelas também. Ah! Não sou assinante da Netflix vou seguindo o slogan “o que é português é bom”.

E isto tudo para quê? Porque penso que bem perto de nós há sempre alguém com uma história para contar. No nascer e no morrer somos todos iguais. A diferença reside no intervalo, nos anos em que gastamos e alimentamos o corpo andante com que percorremos os caminhos.

Em abarca deste mês diversas são as histórias de vida. Do caloroso adepto benfiquista que criou o seu próprio museu encarnado, a alguém que do sofrimento tirou a aprendizagem de que o humor cura, ou de quem acredita que os animais (no caso cães e gatos) podem ser uma terapia para crianças e idosos, passando por um homem que deixa a sua inquestionável marca no Tramagal à frente da Mitsubishi.

Num outro âmbito, o património natural e o futuro da Central Termoeléctrica do Pego e dos muitos trabalhadores que, com o encerramento da Carbopego, ficaram sem os seus postos de trabalho.

Este número de abarca fechou antes das eleições legislativas, por motivos de impressão gráfica, embora a sua data seja de 1 de fevereiro. Uma justificação para não nos referirmos as resultados eleitorais. A dois dias do escrutínio esperamos que a abstenção não ganhe de novo por maioria absoluta.

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