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19 FEV 2022
OPINIÃO | "Da Solidão", por Paula T. Gonçalves
Por Jornal Abarca

Esta que podia ser mais uma das crónicas similares a tantas outras é, provavelmente, a mais abstracta que irei escrever.

Vivemos na era dos media, facebook, twitter, instagram mas e no entanto nunca passamos tanto tempo sós e nunca passamos tanto tempo isolados.

Neste mês de Janeiro foram também abolidas as Janeiras, porque como é óbvio as Janeiras implicam um certo nível de contacto social. Em Amarante a universidade Sénior organizou Janeiras cantadas para os mais idosos e mais isolados. A emoção era visível no rosto daqueles que sofrem com o isolamento e a solidão.

«Stay safe, stay home» («Fique em casa”) esta que podia ser uma frase lida em muitas línguas em diferentes países por causa do impacto da propagação da covid é na verdade uma afirmação que está a ter um impacto na vida social e mental de milhões de pessoas.

E de que vale ter acesso a dezenas de ferramentas on-line se nos foi tirado até o direito a escutarmos as músicas das Janeiras? De que vale vermos séries e séries no netflix se não podemos mais escutar as piadas dos nossos vizinhos? Ou de rirmos juntos?

Hoje notei que um dos meus animais de estimação que é um porquinho da Índia está depressivo. Não come, não bebe e não se mexe. Este animal é um animal social e em países como a Suiça, por exemplo, não se pode ter apenas um, porque podem morrer de solidão. Sim de solidão estimado leitor… se um animal da família dos ratos, sem consciência sequer que é um animal pode morrer de solidão o que será que se passa na vida, no coração e na mente de milhões de seres humanos? Estamos a evoluir ou estamos a regredir?

E todos esses lirismos de fado que tanto gostamos são melhores quando podemos assistir a um fado sentido na tasca da esquina. Quando sentimos o perfume da fadista e vemos em pessoa o mover lento das suas roupas negras e assistimos em pessoa ao cantar rouco da sua  emoção.

Já existe o conceito de “namorado virtual” eu pergunto a mim própria se por restrições da covid um dia vamos fazer amor também através da internet? Já há quem aprecie “nudes” ou quem entenda o estímulo sexual através de mensagens ou de chats ou de imagens mais excitante do que a realidade. O leitor que me perdoe… mas eu prefiro ser fora de moda ou de tendência, porque nenhum computador ou máquina pode substituir o prazer do contacto humano.

Bem-haja estimado leitor.

Desejo a todos a oportunidade de ter oportunidades para poder ter contacto com outros.

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