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23 AGO 2022
OPINIÃO | "Santos & Milhazes: Valores Inegociáveis", por Ricardo Rodrigues
Por Jornal Abarca

A forma de fazer política do Chega começa a ficar desgastada. A conversa racista, xenófoba, machista e falsamente anti-sistema já não capta mais eleitores. Ou seja, já não engana mais ninguém. Mas vai alimentando a dúzia de políticos de faz de conta que o partido colocou na Assembleia da República.

Com um ou com mais autocarros, o modelo é o mesmo: faltam à maioria das votações, não apresentam soluções, navegam ao sabor do momento para tentar capitalizar votos aparentando um trabalho que não fazem, ameaçam e, as poucas coisas que colocam em cima da mesa, são cópia do que outros partidos apresentaram.

Recentemente, André Ventura voltou a usar a carta dos “imigrantes que vivem à nossa custa”, qual poeta de taberna “elevado ao expoente da loucura”, e teve de Augusto Santos Silva a justa resposta. O presidente da Assembleia da República nem é personagem que me cative e tem, garantidamente. uma agenda, mas foi categórico na afirmação do que é a verdadeira portugalidade: “Portugal deve muito, mas mesmo muito, aos milhares de imigrantes que aqui trabalham e que aqui contribuem para a nossa Segurança Social, para a nossa coesão social, para a nossa vida colectiva, para a nossa cidadania e para a nossa dignidade como um país aberto, inclusivo e respeitador dos outros”. É este o país em que quero viver. Santos Silva foi aplaudido de pé pelo hemiciclo, o que deixou amuados os deputados do Chega que – qual criança do infantário – saíram da sala. A sala, diga-se, onde nunca deveriam ter entrado.

A título de curiosidade, e porque uma mentira repetida muitas vezes não passa a ser verdade, convém referir que no período entre 2010 e 2020 o saldo das contribuições para a Segurança Social dos imigrantes que residem no nosso país foi positivo em 5,2 mil milhões de euros. Sim: eles ajudam a garantir a sua reforma.

Também o jornalista José Milhazes voltou a dar que falar. Sobre os artistas que marcarão presença na Festa do Avente, do PCP, disse: “Eles são livres de participarem no que quiserem, mas que pensem bem porque estão a participar numa festa que não é só musical, é uma festa política de um partido que apoia regimes hediondos e que, neste momento, está a apoiar uma guerra”.

Tem toda a razão. O próprio PCP assume a Festa do Avante como um evento político e por isso não pode existir uma separação entre isso e o que se passa no mundo. Quem vai tocar ao Avante não é necessariamente comunista, mas quem o faz em 2022, numa altura em que o partido finge não ver a invasão russa na Ucrânia, em que suaviza os crimes que ali decorrem, em que alinha nas patéticas justificações oficiais do Kremlin para perpetuar esta guerra, está a dizer – pelo menos – que não se importa com nada disso.

Compreendo que defensores acérrimos do PCP – leia-se, extremistas – não aceitem a crítica. Os mesmos que criticam Olavo Bilac por cantar num evento do Chega, não aceitam agora a crítica; os mesmos que criticam a invasão do Iraque em 2003, tentam agora justificar o que se passa na Ucrânia. Porque os seus valores são cegos e, ao contrário do que defendem, não se trata de uma questão de espinha. É mais de falta dela.

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