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20 SET 2022
OPINIÃO | "A próxima guerra?", por Nuno Alves
Por Jornal Abarca

A disputa chinesa pelo controlo de Taiwan é, certamente, o desafio que actualmente coloca mais riscos à estabilidade securitária internacional, especialmente depois da recente visita da líder da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, a democrata Nancy Pelosi, a Taipé.

Nos corredores do poder americano o consenso entre democratas e republicanos é cada vez maior em relação à necessidade de proteger Taiwan da agressão comunista chinesa. Ao longo dos últimos anos o regime de Taipé democratizou-se ao ponto de fazer inveja a qualquer democracia ocidental e desenvolveu uma grande proximidade com os EUA. No entanto, paira no ar o receio de uma tentativa chinesa de tomar Taiwan pela força que inevitavelmente iria colocar o exército chinês em confronto directo com os EUA. Importa termos a noção que estamos a falar de um possível envolvimento entre duas potências nucleares e que 60% de todo o comércio marítimo mundial passa diariamente nas águas onde este conflito teria lugar. Seria um conflito, não só devastador, mas global. Contudo, poderá a China suportar um esforço de guerra tão elevado?

Importa salientar que Taiwan domina o mercado internacional da produção de semi-condutores que são fulcrais para a economia chinesa, assim como para toda a economia internacional. Do lado chinês, o tempo do crescimento económico infinito parece ter os dias contatos, já que a economia chinesa evidencia sinais de estagnação desde o período anterior à pandemia. Além do mais, para a segunda economia do mundo, o PIB per capita chinês ronda os 20 mil dólares. Já Taiwan, com 24 milhões de habitantes, tem um PIB per capita comparável aos dos países mais ricos no Ocidente, com quase 70 mil dólares. Além disso, temos também a crise no sector imobiliário chinês que está a criar preocupações sérias quanto ao risco de contágio nacional e internacional. Mais ainda, o grande projecto para recriar em tempos modernos a antiga Rota da Seda está a correr mal.

De forma a avançar com a construção das infraestruturas, Pequim fez grandes empréstimos a países que não estão a conseguir pagar essas dívidas. É óbvio que a China pretende criar um novo modelo de globalização baseado na vassalagem política a Pequim, conforme foi prática ao longo da história. Ainda assim, o projecto está a consumir recursos financeiros cada vez mais pesados para a tesouraria chinesa. Contudo, não menosprezemos a capacidade do Partido Comunista Chinês de mobilizar a máquina de propaganda do regime para construir histórias de apologia ao nacionalismo que justifiquem um conflito entre a opinião pública. Xi Jinping, na sua obsessão de se eternizar no comando do regime e imortalizar o seu legado, debate-se igualmente com dificuldades internas. Historicamente, estes são os períodos mais perigosos, já que os líderes procuram inventar uma ameaça externa ou radicalizar o discurso nacionalista para desviar a atenção geral dos problemas internos.

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