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01 MAR 2018
Prevenir em vez de remediar
Por Jornal Abarca

Os recentes fenómenos resultantes da poluição do Rio Tejo mostram-nos o quanto distraídos andam os nossos governantes locais e nacionais.

Infelizmente estamos quase continuamente a ser surpreendidos com situações muito graves para o País. Dos incêndios do Verão passado, às listas de espera dos hospitais públicos, à conservação do património público, à falta da satisfação das necessidades básicas da população, tudo nos vai surpreendendo.

As situações são muito graves e não podem ser justificada com a falta de dinheiro. Todos sabemos que, apesar da ilusão dos últimos tempos, vamos ter que pagar a factura da dívida pública que vai sendo paga, mas cresce! Todos sabemos a carga de impostos que pagamos a nível local e a nível nacional. A nível local, basta olhar para a factura da água e darmos conta do que pagamos! A nível nacional, o IVA deixa marcas muito profundas nos bens, mesmo nos essenciais, que todos os dias consumimos! Há casos até de pagarmos impostos sobre impostos!!

Claro que quem paga e tem os seus impostos em dia não pode perceber como não há dinheiro. Quem o gasta e como o gasta. E é aqui que nos damos conta da má gestão dos dinheiros públicos. A nível local os exemplos são muitos. Obras mais ou menos megalómanas, mal projectadas e mal construídas, adjudicadas à custa de dinheiro da comunidade europeia sem o qual nada se pode fazer e sem atender a prioridades. Entretanto, localmente, as freguesias rurais vão definhando, o património é abandonado, os serviços públicos são retirados, a população vai envelhecendo até, mais ano menos ano, acabar de vez. Alguma coisa está a ser feita para prevenir esta situação? Vamos apenas reagir quando a vida rural desaparecer? Até agora apenas temos reagido sem atendermos ao ditado popular “antes prevenir que remediar”.

A nível nacional o panorama é o mesmo, não há dinheiro, não há obras, não há melhoria da vida pública. Não basta dizer que já desbloqueámos isto e aquilo, que o rendimento das pessoas vai aumentar, que já se nota que há mais aquisições, que se vive melhor. Não vive!

Obras essenciais são adiadas, a floresta vai continuar a arder, as ruas vão continuar esburacadas, as listas dos hospitais vão continuar a aumentar com tempos de espera insuportáveis para quem está doente, aguarda e tem direito à saúde. Os rios vão continuar a ser poluídos, o ar vai continuar a ser contaminado, a terra será cada vez mais deserta e a água será cada vez mais escassa. Deixa-se arder a floresta que, para além da madeira, nos fornece o oxigénio essencial à vida e ainda consome dióxido de carbono.

A água dos rios e dos aquíferos está cada vez mais contaminada pelo desleixo humano, embora seja essencial à vida.

Que iremos fazer para prevenir que daqui resultem os efeitos nefastos que já vamos sentindo e que se irão agravar se nada fizermos para educar as pessoas no respeito pela natureza, no respeito pela vida de cada um, incluindo a própria?

Será que vamos continuar a lastimar-nos porque não chove, porque o País é muito grande e não podemos “acudir” a todo o lado? Será que vamos continuar a permitir que se matem os rios, que se envenene a terra com produtos químicos para aumentar a produção, que se morra porque não há médicos que nos atendam em tempo útil?

Haver paz e liberdade não são garantia de qualidade de vida.

O futuro está aí, como o estamos a preparar? O que vamos deixar aos nossos filhos, aos nossos netos, aos nosso bisnetos? O deserto, a dívida por pagar, a ausência de condições para uma vida humana possível e digna?

Não basta ser eleito, definir eixos estratégicos, objectivos de curto, médio e longo prazo, quando a qualidade da vida humana não faz parte desses eixos e objectivos.

“Previna antes de remediar”.

Pode já não haver remédio!

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