A comunidade tem uma história de mais de 300 anos ligada à produção de sabão para o país, incluindo a da Real Fábrica de Sabão de Belver, que lhe deu privilégios e motivos de revolta em certos períodos da sua história.

É possível que a construção de um simples museu numa antiga escola primária possa mudar significativamente a perspetiva que uma comunidade tem de si própria? Sim, a avaliar pelo que sucede em Belver, o insólito enclave geográfico do Gavião e do Alentejo a norte do Rio Tejo, a resposta é claramente positiva. (...)

Não havendo já evidentes sinais físicos da velha Real Fábrica de Sabão da vila, a Câmara de Gavião decidiu que havia condições para dar novas formas de vida à abandonada escola primária de Belver e reconvertê-la num museu dedicado ao que foi uma atividade económica empregadora e importante na freguesia. O que conseguiu, além dos cerca de 4 000 visitantes que vão anualmente visitar a vila do Alentejo, foi devolver um sentido de maior identidade e até de dignidade à comunidade local, já orgulhosa do seu histórico castelo hospitalário. (...)

“O que mais interessa os visitantes são as atividades interativas, ações práticas e oficinas onde se ensina a fazer um sabão. O curioso é que aqui são os seniores, as pessoas com mais idade, quem mais se entusiasma com as atividades propostas. Quanto aos netos dos velhos fabricantes do sabão tradicional de azeite, dizem que se lembram de ver os avós a fazê-lo, mas já não sabem fazer…”, conta Sílvia Bernardo (...)

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