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20 DEZ 2021
OPINIÃO | "Mais Uma Volta ao Sol", por Máximo Ferreira
Por Jornal Abarca

É verdade que não damos por isso, mas… a Terra está a chegar ao mesmo ponto da sua órbita em que passou no ano passado, por esta data. Foram quase 940 milhões de quilómetros que o nosso planeta viajou pelo espaço, nestes 365 dias e algumas horas, a uma velocidade superior a 100 mil quilómetros por hora!

Em termos físicos, dizemos que apenas somos sensíveis a variações de velocidade, pelo que, se ela (a velocidade) for constante, é-nos indiferente que seja 100 mil, metade ou o dobro de milhares de quilómetros horários. No entanto, não há dúvidas de que esse é o valor referido nos livros a que temos acesso e sabe-se que, para girar à distância de cerca de 150 milhões de quilómetros do Sol, a velocidade não poderá ser menor (pois cairia para a parte central do sistema solar), nem maior, pois, nesse caso, libertar-se-ia da atração gravítica do Sol.

Sendo certo que eventuais tonturas (que uma ou outra vez nos afetem) não resultam destes valores enormes de velocidades e distâncias, sabemos que ao fim de 365 voltas (e mais um pouco) sobre si própria, a Terra regressa ao mesmo ponto da sua órbita, ao fim de um tempo a que chamamos ano. Daí ser frequente a afirmação de que, ao terminar mais um ano (ou a começar outro), se completou (ou se vai iniciar) “mais uma volta ao Sol”.

Uma questão que, ao longo de séculos, se tem debatido – de tempos a tempos – está relacionada com o momento em que se deve contar o início (ou o fim) de cada “corrida” do nosso planeta, ou seja, em que momento deve ser considerado o começo (ou o final) do ano. Após o período em que os romanos datavam os seus anos a partir da data de 21 de abril do ano de 753 antes da nossa era (o ano da fundação de Roma) seguiu-se aquele que – com alguns ajustamentos ao longo dos tempos – ainda vigora, e que resultou de uma sugestão do monge e astrónomo Dionísio o Exíguo, por volta do ano 532 da nossa era. Dionísio concebeu, por razões várias, que Jesus Cristo tinha vindo ao mundo em 25 de dezembro do ano de 753 de Roma e fixou nessa data o início da era cristã, a qual foi posteriormente atrasada de sete dias, ficando, assim, em 1 de janeiro de 754 da era romana, sendo esse o primeiro ano da nossa era ou … da “era de Cristo”.

Atualmente, acredita-se que os cálculos de Dionísio não estavam corretos e que Cristo terá nascido 5 a 7 anos antes da data em que se celebra o seu nascimento. Mas, para não perturbar a cronologia estabelecida, foi mantida a data inicialmente proposta, embora seja certo que não corresponde ao significado inicial.

Insensível aos vários sobressaltos no calendário (conjunto de regras pelas quais definimos a sucessão de dias, semanas, meses e anos), a Terra continua o seu movimento em volta do Sol, sempre inclinada como há milhões de anos, proporcionando às diversas regiões do planeta condições várias de períodos de dia e noite, calor e frio (de que resultam as estações do ano), voltando sempre ao mesmo ponto, depois de 365 voltas e mais um pouco.

Para a “região temperada do norte” – onde situa todo o território de Portugal e as regiões do planeta em que evoluíram conceções astronómicas, políticas e religiosas que ditaram o calendário que usamos – o inverno começa 9 ou 10 dias antes da data em que começamos a contar o ano (uma “dança” resultante do “mais um pouco” do que as “365 voltas”) e é sempre a estação do ano de menor duração. Mas será sempre nela (na estação do inverno) que continuará o ponto de partida da Terra em cada volta que, sem parar, executa em torno do Sol, obrigando-nos a, sucessivamente, virar as folhas do calendário.

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