Faleceu no dia 30 de Novembro, vítima de doença oncológica, Luís Manuel da Silva Azevedo, aos 72 anos de idade.
Luís Azevedo iniciou as suas responsabilidades governativas como vereador da Câmara Municipal de Alcanena entre 1986 e 1996, tendo sido presidente da mesma autarquia entre 1996 e 2009. Entre o seu legado como autarca encontram-se importantes obras como a construção do edifício que alberga desde 2024 o Museu Municipal de Alcanena, a requalificação do Cine-Teatro São Pedro, a variante que liga Alcanena ao concelho de Torres Novas, a requalificação da praia fluvial dos Olhos de Água, a Biblioteca Municipal Dr. Carlos Nunes Ferreira, o pavilhão gimno-desportivo na Escola Secundária de Alcanena, a requalificação dos Paços do Concelho, o Pavilhão Multiusos de Alcanena, a ETAR de Minde, as Piscinas de Minde, o Museu de Aguarela Roque Gameiro em Minde, o loteamento da zona norte (junto ao Pavilhão Multiusos) e do Vale Vermelho em Alcanena, pavimentações em todas as freguesias do concelho, a difícil obra do saneamento para a Serra de Santo António, entre outras.
Natural de Riachos, no concelho de Torres Novas, muito cedo acompanhou a família na mudança para Alcanena, concretamente para o São Pedro, coração da vila. Ali cresceu, e ali conheceu a força do trabalho na empresa Olimar, até se envolver na política. Ao nível associativo destaca-se a sua ligação ao Atlético Clube Alcanenense como futebolista entre 1974 e 1976, vice-presidente da Direcção em 1990/1991, presidente da Comissão Administrativa em 1991/1992, presidente da Direcção entre 1992 e 1994, integrante da Comissão Administrativa em 2006 e Presidente da Assembleia Geral desde 2006 até à data do seu falecimento. Exerceu, também, funções nas antigas Associação de Municípios do Médio Tejo e Comunidade Urbana do Médio Tejo, Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Resitejo e TagusGás.
Casou em 1977 com Lena Rocha, natural da Banda Além, em Lapas, onde residiam. Do matrimónio nasceram duas filhas, Alexandra e Margarida.
A Câmara Municipal de Alcanena, numa nota assinada pelo presidente da autarquia Rui Anastácio, que entre 1997 e 2001 foi vereador do executivo liderado por Luís Azevedo, destacou “um homem de valores que deixa a sua marca na história da democracia no concelho de Alcanena” e que deixa “um legado de dedicação à causa pública”.
A autarquia decretou 3 dias de luto municipal com colocação das bandeiras a meia haste nos edifícios municipais.
O funeral de Luís Azevedo realiza-se amanhã, dia 2 de Dezembro, às 11.30h na Igreja de Lapas, seguindo depois o corpo para o cemitério da aldeia.
À família e amigos em luto o abarca endereça as mais sentidas condolências.
O primeiro presidente independente em Portugal
Luís Azevedo ficará na história da política autárquica em Portugal por um facto peculiar: foi o primeiro Presidente de Câmara Municipal eleito no país.
A história conta-se em poucas palavras: em 1996 Carlos Cunha, presidente em exercício da Câmara Municipal de Alcanena, deixa o lugar para ocupar o cargo de Governador Civil de Santarém, levando a que Luís Azevedo, do seu executivo, assumisse o cargo. No ano seguinte, Azevedo torna-se presidente eleito, sendo encarado como natural a sua candidatura nas listas do Partido Socialista, do qual fazia parte.
No entanto, em 2001, Carlos Cunha, na altura também líder da distrital socialista, decide concorrer às eleições autárquicas, o que surpreendeu Luís Azevedo. O presidente eleito não aceitou essa decisão e concorreu à frente do grupo Independentes pelo Concelho de Alcanena. A 16 de Dezembro de 2001 a população manifestou-se e o resultado foi esclarecedor: os independentes de Luís Azevedo conseguiram 57,83% dos votos contra os 19,34% de Carlos Cunha, candidato do PS.
Alcanena tornava-se, a par de Penamacor e Ponte de Lima, uma das três primeiras autarquias lideradas por listas independentes em Portugal, com a particularidade de a contagem dos votos ter terminado primeiro em Alcanena pelo que Luís Azevedo foi, oficialmente, o primeiro presidente de Câmara Municipal independente a ser eleito em Portugal.
