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20 DEZ 2025
OPINIÃO | "A minha prenda de Natal"
Por Jornal Abarca

Este ano decidi oferecer aos meus leitores aqui n’abarca e aos leitores em geral do jornal, uma prenda de Natal!... Esta assume a forma de uma citação bibliográfica. E é um convite a que os meus leitores mais curiosos a procurem e se considerarem razoáveis os argumentos que me levam a oferecer tal prenda, leiam o texto que identifica.

A minha prenda de Natal para os meus leitores é a seguinte citação bibliográfica: – “GODINHO, Vitorino Magalhães (1985), Reflexão sobre Portugal e os portugueses na sua História- In Reflexões sobre história e cultura portuguesa: Ciclo de conferências para professores de História do Ensino Secundário. Coordenação Maria Emília Cordeiro Ferreira. Lisboa: Centro de Estudos de História e Cultura Portuguesa: Instituto Português de Ensino à Distância, 1985, p 271-286.”  

E porque é que eu estou a oferecer esta prenda aos meus leitores. Desde logo porque estando nós em comemorações de datas redondas, também assinalamos que passam 40 anos desde que a palestra que deu origem a este texto, assumindo-se um pouco a contraciclo do optimismo português, foi pronunciada.

Para quem não tem essa noção Vitorino Magalhães Godinho (que faleceu em 2011) foi um dos mais importantes historiadores portugueses a investigar no Século XX e os seus trabalhos sobre a expansão portuguesa são fundamentais para se entender o papel de Portugal e dos portugueses no Mundo. Em Democracia a sua obra foi incómoda para os poderes públicos e para a máquina administrativa, o que lhe valeu alguma ostracização da elite mais comprometida com o regime ou dela dependente.

Em 1985, na palestra que se cita, dizia aos professores de História do 11.º ano, Magalhães Godinho: “A nossa administração não funciona, o sistema de ensino está um caos, não há, não houve política de investigação e de cultura; há discursos mas não se tomam decisões, nem se programam acções; fala-se do património como algo que pode unir-nos, recriar essa coesão como um sonho perdido, mas na verdade deixamos que o legado que nos foi transmitido seja quotidianamente despedaçado, desvirtuado de todas as formas com excepção de algumas acções de carácter local ou regional.”

Palavras proferidas em 1985? Que poderiam ser ditas hoje? Há alguma profecia a ser cumprida para que a frase inserida na palestra seja tão actual e tão verdadeira?

Aos meus leitores não vai ser fácil encontrar o livro onde se encontra a palestra indicada. Embora o mesmo esteja à venda na plataforma de vendas on-line OLX onde, aliás, adquiri o exemplar que estou a manusear quando escrevo esta crónica.

Diz a certa altura na palestra Magalhães Godinho referindo-se ao nosso País: “Qual a Nação, ou qual é o Portugal possível no mundo de hoje (?)...” acrescentando de seguida: “Esta reflexão leva-nos a pôr o problema de saber o que é que nós somos, se poderemos ser uma Nação, se fomos uma Pátria, e o que é que isso significa? Esta reflexão é rara em Portugal ao longo dos séculos, ao contrário do que acontece na vizinha Espanha.

Está aqui o busílis da questão que se poderia chamar Portugal, Abrantes, Lisboa, Castelo de Vide, Constância (os lugares onde me sinto confortável!...) deixou-se de reflectir: como se tudo o que acontece fosse uma consequência de impulsos naturais, que surgem sabe-se lá de onde (por isso não vale a pena pensar: as coisas vão acontecer!...).

Neste Natal, verdadeiramente, a minha prenda aos meus leitores, é um desafio para que se volte a pensar o que se passa à nossa volta. Volto a Magalhães Godinho: “Se queremos inovar, temos de partir daquilo que fomos, do que somos e do que desejamos ser.” Haja, entre aqueles nos que nos rodeiam e mandam, quem consiga perceber esta coisa tão simples,... Era uma ajuda para termos um País melhor.

Um Bom Natal a todos!...

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