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01 NOV 2006
O MUNDO AQUI TÃO PERTO
Por MARGARIDA TRINCÃO

 

Que novidades vai ter a Feira de São Martinho deste ano?

A feira é todos os anos uma novidade. É sempre uma versão corrigida e aumentada da anterior. As grandes novidades são as figuras homenageadas e, este ano, vai ser homenageado o director do Serviço Nacional Coudélico. Outra novidade é a vinda da charanga da Guarda Nacional Republicana, na Golegã que vai ser galardoada pela revista Equitação. Os músicos da charanga da GNR são os únicos que tocam a galope, trazê-los à Golegã é uma grande novidade. Outros eventos a realçar são as finais do campeonato de equitação de trabalho e de horseball. Mas, para nós, o mais importante é conseguir, que cerca de um milhão de visitantes continuem a fruir de uma feira, que me parece ser a feira franca mais antiga, com condições, quer de segurança, quer de protecção, em que a tradição conviva com a modernidade.

Novas normas de segurança?

Proibimos a circulação de carruagens no Largo Arneiro, entre as 15h00 e as 19h00, à sexta e sábado. Podem circular nas ruas da Golegã, mas não no Arneiro. Há uma grande explosão de pessoas que adquiriram carruagens e cavalos, mas essa aquisição nem sempre foi acompanhada do civismo necessário à sua utilização. A quem anda a cavalo, exige-se educação e formação para respeitar os outros. Todas as carruagens que entram no Arneiro têm que estar matriculadas. Na feira de Jerez de La Frontera, muito parecida com a nossa, às sete da tarde o cavalo pára. Não queremos que o cavalo pare, mas queremos que haja regras e que não se faça batota. Não queremos transformar a Golegã, numa noite da 24 de Julho. A noite da Golegã é muito agradável, mas às vezes parece um barril de pólvora. Começou a ser habitual entrar com os cavalos nos bares, o cavalo nunca foi para entrar dentro de casa, é para a cavalariça. Pode fazer-se uma piada, mas há muita coisa insensata nas tardes e nas noites de São Martinho. Sempre quisemos criar uma zona de bares à entrada da vila, mas nunca conseguimos. Uma zona de bares, sem horas de fecho, onde os jovens pudessem dormir se estivessem com elevados níveis de álcool, ficavam lá todos.

Há pouco falou na charanga da GNR, como uma das novidades, o espectáculo da Escola Portuguesa de Arte Equestre vai continuar no programa?

Continuará sempre. A Escola Portuguesa de Arte Equestre é o ex-libris da academia portuguesa de equitação e faz todo o sentido a sua presença na Feira Internacional do Cavalo Lusitano. Muitos não têm oportunidade de ver a Escola Equestre em Queluz e, infelizmente, não a deverão ver tão cedo no Museu dos Coches. Sou um defensor acérrimo que o Museu dos Coches, o chamado Picadeiro Real de Belém, seja o espaço da Escola, à semelhança da Escola de Viena. O coche é uma coisa estática, pode ir para a Coudelaria e fica lindíssimo. A Escola é uma maneira de divulgar a nossa equitação clássica na Golegã. A Feira Nacional do Cavalo e, sobretudo, a Feira Internacional do Cavalo Lusitano é visitada por muitas pessoas que têm a paixão comum do cavalo, nas suas variadíssimas vertentes.

Qual o investimento da câmara na Feira?

A Feira tem que se bastar a si própria. Somos adversos a esta lei das Finanças Locais, porque a câmara da Golegã sempre fez contenção de finanças, não necessita de nenhuma Lei de Finanças Locais para corrigir a sua filosofia de gestão. É uma câmara que tem uma dívida idêntica à de uma empresa normal. Atingimos 17 por cento de endividamento, o que nos orgulha. Este concelho, vive do sector primário que está em decrescendo, e as receitas são muito poucas. O município subsidia a feira, porque o certame é uma co-organização da câmara, juntamente com a Feira Nacional do Cavalo. É uma quota mínima, em relação a outros municípios, a câmara transfere 30 mil euros para a feira.

Que alterações de trânsito vão ser feitas durante a Feira?

As alterações já feitas, não são para a feira, são alterações definitivas. Mudar é sempre complicado, as pessoas, na generalidade, são adversas à mudança… Somos um concelho verde, o que muito nos orgulha, e apostamos na mobilidade. Apostamos na ciclovia e na via pedonal, porque a Golegã é plana. Qualquer edifício público da vila tem um parqueamento de bicicletas. Não quero pôr todas as pessoas de bicicleta, quero é facilitar a vida a quem anda a pé ou de bicicleta, ou até quem anda a cavalo pode circular por essa via. O que era preciso tratar para a feira já está implantado. Há uma polémica que já estabeleceu, mas o que está em causa é o que queremos para o nosso concelho. Vai abrir um hotel, um hotel de charme que representa um investimento de cerca de cinco milhões de contos, o Hotel Lusitano, e temos que cativar turistas, temos que investir no sector turístico-cultural. Devemos agarrar o que temos e criar a possibilidade de o fruir, mas com regras e com condutas que façam com que vem cá se sinta bem e se sinta europeu. Portanto, faz todo o sentido que o trânsito não seja alterado, exclusivamente, para o São Martinho. Por outro lado, queremos atirar as pessoas para o comércio.

Aposta na circulação automóvel nas zonas comerciais?

Exactamente, o contrário do que tem vindo a ser seguido pela maioria dos municípios. Os carros têm que circular pela zona comercial, a pessoa tem que abrir a porta do carro, a bagageira, para pôr o que comprou na loja. Não podemos fechar os centros históricos e comerciais. Antes pelo contrário, devemos atirar os carros para o comércio, para as pessoas verem e se não puderem parar, estacionam mais à frente e voltam.

Então?

Entra-se pela rua José Relvas e continua-se pela D. João IV. Só a partir do Equuspolis a via tem dois sentidos. Quem quer vir para a Praça, segue pela D. João IV e vira numa das transversais à direita para entrar na D. Afonso Henriques, a rua do comércio. Isto também, porque como comecei a verificar que as pessoas, por causa da obesidade e da mente são em corpo são, passeiam imenso a pé à noite.

As bolas que foram colocadas nos pequenos passeios da D. João IV, impedem os passeios a pé…

Por isso, criámos uma ciclovia e uma via pedonal para poderem circular na estrada. Quando se cruzavam dois carros, um tractor com uma alfaia e uma camioneta da rodoviária, o peão fugia para o passeio e a bola protegiao, até lá não havia protecção. Tenho uma fotografia que mostra a perigosidade desta situação. A bola é um factor de protecção para uma criança ou para um idoso que tenha menor defesa.

O espaço da feira mantém-se sem alterações?

Nunca pode sair dali, se tirarem a feira do Arneiro, matam a feira, como mataram a do Ribatejo. Quando estou no CNEMA, se não fossem as oliveiras ao longe, sinto que podia estar em Paris ou em Frankfurt.

Alguns dos projectos em que a Golegã está envolvida relacionam-se com o cavalo - Escola Nacional de Equitação e os projectos Pegaso e Euroequus - qual a situação destes projectos?

A Escola Nacional de Equitação vai ter um pólo na Golegã, que é fundadora e, brevemente, vamos ter um curso teórico-prático de pessoas que tratam do cavalo. Queremos que os alunos da Golegã sejam bem preparados para entrar no mercado de trabalho. Não vamos formar nem doutores, nem engenheiros, mas sim pessoas bem preparadas. Dos projectos internacionais, o mais adiantado é o Pégaso, que envolve Irlanda, Inglaterra, Espanha e Portugal. Tenho o relatório, resultante de um estudo elaborado por uma empresa espanhola que elaborou as potencialidades e fragilidades das capitais do cavalo, que indica que a Golegã é a capital com maiores potencialidades, é onde se sente melhor o cavalo. Falta um clic: o pacote turístico do estrangeiro. Com a abertura do Hotel Lusitano, com o turismo da habitação, com a Casa Relvas – partir de Dezembro, um programa mulimédia vai ter Carlos Relvas a receber as pessoas - com o Equuspolis, com a complementaridade do conjunto de urbes citadinas da região, vamos ter que fazer alguma coisa. Criei “a rota do cavalo, do touro e do vinho” e lancei o repto à Chamusca e à Alpiarça, mas que não teve grande sequência, vai existir mesmo aqui, com o município, os hoteleiros, a restauração… Vamos fazer uma central de pesquisa de acordo com a região de Turismo do Ribatejo, e criar uma sub-região na Golegã. Vamos cativar o turista e oferecer-lhe um pacote turístico que lhe indique onde pode dormir, onde comer, que museu deverá visitar… Esta aposta foi-nos dada pelo projecto Pegaso, que é co-financiado pela Europa.

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