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01 ABR 2008
ARTUR AGOSTINHO: A CENSURA NÃO ACABOU
Por SÉRGIO MOURATO

 

“Qualquer pessoa que ande neste meio percebe que há censura. Feita doutra maneira, doutra forma, com outros contornos”.

 

Artur Agostinho encerrou o 7.º Encontro de Comunicação da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), evento que decorreu de 11 a 13 de Março. O conhecido jornalista, apresentador e actor foi homenageado durante a 2.ª Gala do Comic Awards que encerrou o encontro.

 

Qual a importância deste tipo de iniciativas?

No meu tempo não havia nada disto… A realização de todos estes encontros… o simples facto de existir cursos para comunicação são altamente valorizadores para uma profissão que eu segui aprendendo comigo próprio e com a experiência dos mais antigos. Vejo sempre com muita simpatia, muito interesse e amizade, a realização destes encontros. Já aqui estive há quatro anos, voltei e vejo com satisfação que a obra continua e o interesse é maior.

Falou na sessão de encerramento em censura. Mas o 25 de Abril de 1974 não veio dar vida à liberdade de expressão?

A censura acabou oficialmente, mas sem ser oficializada. As pessoas vão fazendo censura naquilo que não lhes convém. É uma coisa evidente. Qualquer pessoa que ande neste meio percebe que há sempre censura feita doutra maneira, doutra forma, com outros contornos. 

O jornalismo já não é o mesmo. Quais as diferenças mais marcantes?

O jornalismo mudou. Primeiro, as ideias são mais arrojadas e o facto de vivermos em democracia torna mais acessível a abordagem de todos os assuntos. Por outro lado, a tecnologia valorizou a feitura dos jornais, a rádio melhorou, a televisão apareceu e desenvolveu-se. A grande vitória também pertence à tecnologia que tem sido bem aproveitada para desenvolver qualquer das actividades de comunicação.

Na sua opinião, como deve ser um jornalista?

Deve ser honesto, sério e ter vocação para ser jornalista. Se não tiver vocação é melhor seguir outra vida. Mas desde que tenha vocação, desde que consiga ser jornalista, deve ser sério, objectivo, frontal, transparente e não ter medo. 

Foi relatador de jogos de futebol na rádio e, segundo afirmou, por vezes os relatores são “mentirosos”. Fogem à verdade para dar emoção ao relato?

Sobretudo na rádio, na televisão quando se exagera, percebe-se logo. Está a ver-se… A rádio procura transformar os jogos mais lentos e mais chatos, em coisas cheias de emoção. É transformar o futebol num espectáculo, fugindo um pouco à feição jornalística de limitar-se à verdade. Se ele relatar a verdade e os jogos estiverem a ser lentíssimos e enfadonhos, a pessoa que ouve percebe pela voz e pela velocidade do relator que o jogo não está a decorrer como seria desejável.

Há algumas histórias engraçadas na sua vida enquanto jornalista, como aquela com a Scotland Yard,
aquando da visita da Rainha Isabel II a Portugal…

É uma das milhentas histórias que passei. Essa teve graça porque afrontei o agente da Scotland Yard que, com um ar arrogante, queria saber o que eu trazia na mala. Disse-lhe “this is a bomb”. Ele queria logo dar-me ordens de prisão... Foi uma complicação. Mas enfim, a coisa passou, e não fui preso.

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