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01 ABR 2009
NERVE: "EU NÃO DAS PALAVRAS TROCO A ORDEM"
Por RICARDO ALVES

 

Quando se ouve estranha-se e depois entranha-se. Com um EP e álbum lançados, Nerve, nome de ‘guerra’ de Tiago Gonçalves, de Constância, espalha palavras como se expulsasse de dentro de si epidemias pessoais. Um modo de ver a vida, de viver a vida e de partilhar as emoções da vida, boas e más. Rap a ouvir com atenção. 

 

“É contraditório, caótico, é o desespero de um psicopata que se quer reencontrar consigo próprio e redescobrir a sua faceta humana há muito perdida”. Estas são algumas das descrições encontradas na sua página na internet em que também se lê que “Nerve é um detective sublime”, abrindo caminho aos mundos que Tiago cria em torno das suas criações. 

Um “MC” é a sigla de “Mestre-de-cerimónias”, “começou por ser quem passava a música, hoje o Dj fica encarregue da parte instrumental e o MC comunica com o público”. Tudo teve início quando às suas mãos chegou um CD gravado com Rap: “Gostei do que ouvi e na altura estava numa transição entre o metal e o Rap”. Desde então passou a escrever, mas não havia ninguém na região com quem partilhar o seu interesse: “Fui para a internet e descobri pessoas ligadas a esse mundo”. 

Estabeleceu contactos e circulou mais de perto no meio. Constância nunca entrou nos seus horizontes enquanto rapper, mas não por desprezo: “Nunca encarei o espírito do que faço com o que se passa por aqui, é algo mais urbano”. Apesar desse sentimento, a sua primeira actuação foi num espectáculo em Abrantes, nas Festas da cidade em 2003. “Foi um pouco estranho, era algo muito cru ainda, mas não deixa de ser a primeira vez”. 

Começou a trabalhar a “sério” em 2005, trabalhando num EP para “fazer barulho”. “Era para ser uma edição física mas Martinêz, dono da Editora Discográfica Matarroa, sugeriu-me veicular a música na internet e o EP chamou-se ‘Promoção Barata’”. Em 2006, com apenas 17 anos, “nem idade tinha para assinar um contrato”, entrou para a Editora Matarroa o que lhe deu a oportunidade de começar a pensar e idealizar um álbum, o qual surgiu em 2008, intitulado “Eu não das palavras troco a ordem”, um disco em que estão as suas músicas mas também o seu cunho na concepção visual, capa e conteúdos. Antes participara na compilação da discográfica de 2006, “Bota Sentido”, em que juntamente com outros MC’s faz das primeiras aparições “oficiais”.

Neste momento, com 20 anos e a estudar Design e Comunicação na Faculdade de Belas Artes em Lisboa, Tiago tem todo um ambiente que lhe permite alargar horizontes e, vivendo na capital, encontra um espaço que “melhor se enquadra” com o tipo de música que segue. Integra, também, o colectivo “Sistema Intravenoso” com outros artistas, Pródigo, Sims e Blasph. “Estamos espalhados por todo o país, somos MC’s, Dj’s e Designers, actuamos um pouco por todo o lado”. Já teve actuações em espaços de referência em Lisboa (Santiago Alquimista), Porto (Casa da Música), Coimbra e vai preparando o seu novo trabalho, apontando a sua conclusão para o final de 2009. “Já tenho nome para o álbum, ‘Trabalho & Conhaque”, e vai usando métodos diferentes. Ouve ‘blues’ e ‘jazz’ bem como algumas ‘samples’ (batidas e ritmos), que vai escolhendo, para depois aplicar as suas palavras: “Agora é mais fácil, tenho mais contactos e conhecimentos e vou arranjando música de outros criadores que depois utilizo para o meu trabalho, se achar adequado”. A inspiração surge-lhe no dia-a-dia, sempre de olhos abertos e mente aguçada. 

Destaca do seu álbum, ‘Eu não das palavras troco a ordem’, algumas músicas: “Estou muito satisfeito com o resultado final mas tenho nas músicas ‘E.N.P.T.O.’, ‘Sacana Nervoso’, ‘Pedragelo’ e ‘Restos’ as minhas preferidas”. A arte de Tiago pode ser encontrada na internet no sítio www.myspace.com/nervespace, onde se encontram também algumas características pessoais e outras descrições. A página já foi visitada por mais de 80 mil pessoas.

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