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01 AGO 2007
EMÍLIA ALVES: "AS TORRES EÓLICAS FASCINAM-ME"
Por SÓNIA PACHECO

 

Distinguida com o Galardão Mulher Empresária, Emília Alves é a única mulher à frente dos destinos de uma empresa na área pesada da metalomecânica. Incapaz de estar parada, gere duas empresas, um café e ainda tem tempo para a família e para acolher uma criança deficiente. 

 

“Foi o meu diploma, o reconhecimento de um esforço, de um trabalho”. Distinguida com o Galardão Mulher Empresária, Emília Alves, 40 anos, é sócia-gerente das empresas Vieira Alves Metalomecânica e das Construções Vieira Alves. O facto de ser a única mulher à frente de uma empresa nesta área suscita-lhe um único comentário: “Dizem que sim”.

A metalomecânica é um mundo de homens, mas a empresária sente-se “muito orgulhosa”. As mentalidades um pouco mais machistas, “talvez pela minha maneira de ser, acabam por se afastar em pouco tempo”, declara Emília Alves que é incapaz de estar parada.

“Não tinha paciência para estudar” e começou a trabalhar aos 14 anos nos refeitórios do Santuário de Fátima e nas vinhas que o seu pai tinha em Abrantes, Torres Novas e Fátima. Pouco tempo depois, ingressou no sector da ferramentaria nas Construções Vieira Alves, empresa fundada pelo seu pai, Joaquim Vieira Alves. “Fiz de tudo um pouco”. Limpou e montou ferro e arranjou rebarbadoras, extensões e equipamentos. Quatro anos depois “fui para o telefone” e, mais tarde, concluiu os cursos de contabilidade e de informática. “Aprendi a trabalhar com todo o software de facturação e gestão”.

Entretanto, os irmãos foram comprando as quotas das Construções Vieira Alves uns aos outros. Há 13 anos, Emília Alves comprou as últimas quotas e assumiu sozinha a gestão da empresa. Desde sempre ligada ao ferro, em 2003, pensou num novo projecto, a construção de torres eólicas. “As torres eólicas fascinam-me”. O apoio da Câmara Municipal de Abrantes, as boas acessibilidades e os conhecimentos adquiridos no tempo das vinhas, ditaram a localização da Vieira Alves Metalomecânica, na Zona Industrial de Abrantes.

“Não sou muito de dar um passo maior do que a perna”, diz a empresária que, no entanto, confessa que não foi o que aconteceu com este projecto. “Talvez por ser um projecto que me ofereceu algumas garantias para o futuro”, justifica Emília Alves, afirmando que gosta de investir, de criar riqueza e de dar trabalho, mas “sempre segura e nunca fazer por fazer”. A empresária considera que Abrantes também se sente “contente” pela existência desta empresa. 

Por outro lado, é uma energia limpa, ligada ao ambiente e, como tal, Emília Alves está convicta que garantirá todo o investimento. “Ultrapassou as expectativas, mas ao metermo-nos num barco, quando estamos no alto mar há que continuar a remar”.

Segundo a empresária, fazer torres eólicas não é um processo complicado, mas o cliente é muito exigente e encontrar mão-de-obra especializada é um problema. Por isso é a empresa que forma os seus empregados. “São precisos homens de barba rija e técnicos muito responsáveis”.

“Estamos numa altura alta do fabrico das torres”. Com cerca de 50 trabalhadores, a Vieira Alves Metalomecânica produz, neste momento, uma torre eólica por semana. A produção é destinada ao mercado europeu, existindo já projectos para Dinamarca, França e Espanha. “Temos um fluxo de trabalho razoável”. Como os investimentos foram muito volumosos, para já, pretende-se apenas manter a unidade. “Depois logo se vê. Tenho mentalidade para não parar”.

Mas o dia-a-dia de Emília Alves não se resume a estas duas empresas, nem os seus projectos se cingem ao mundo dos negócios. Proprietária de um café na sua terra natal, em Santa Catarina da Serra, Fátima, a empresária afirma que gosta de “tirar uns cafés aos amigos, de lidar com as pessoas e conviver”. Em sua casa, acolhe, há quatro anos, um menino deficiente. O seu sonho é “construir uma instituição para crianças abandonadas”, mas tal projecto “seria fruto de três empresas”, a Vieira Alves Metalomecânica, as Construções Vieira Alves e a empresa do seu marido. “Sinto-me realizada quando sou útil a alguém”.

Trabalha entre 12 a 14 horas por dia, mas há sempre tempo para a família. “É preciso querer e saber gerir o tempo”. As férias não lhe dizem muito. “Não tenho paciência para estar parada, nem para estar de papo para o ar na praia”. Emília gosta de ver coisas diferentes e de viver um dia a seguir ao outro. 

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