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01 OCT 2007
ZÉ LATAS: CRIA E RECRIA CARROS ANTIGOS
Por SÓNIA PACHECO

 

Apaixonado por carros antigos, “Zé Latas” de Ponte de Sôr, constrói e reconstrói velhas relíquias. Entre elas um Victrix de 1911, um Joaninha de 1950 e ainda um Carocha.

 

É de um Victrix de 1911 que fala entusiasticamente. Nada haveria de invulgar se não fosse o facto de o carro estar na sua garagem e, mais extraordinário ainda, ter sido construído com as suas próprias mãos. José dos Prazeres Mendes Pires, o “Zé Latas” de Ponte de Sôr, tem 71 anos e, desde que se reformou, dedica-se à construção e reconstrução de carros. “Quanto mais antigos melhor”, exclama com um enorme sorriso.

Em 2004, numa viagem à Moita, comprou uma revista de carros antigos onde estava publicada a imagem de um Victrix de 1911. E de si para si, pensou: “Porque é que eu não hei-de fazer um carro destes?”. Se bem pensou, melhor o fez. Ao fim de um ano e meio a réplica estava pronta. “Até trabalhava aos sábados, domingos e feriados”. Só não construiu o motor, a caixa de velocidades, o diferencial e os estofos. Tudo o resto foi fabricado por si. “Olhe as rodas! São de madeira! Também fui eu que as fiz”. Com orgulho, José Pires afirma que o Victrix “trabalha que é uma maravilha”. Mas não pode circular porque não tem livrete. “É uma tristeza estar aqui parado”.

“Zé Latas” já tinha restaurado um Renault 4CV “Joaninha”, de 1950. Foi buscar o carro à sucata e ao fim de quatro meses estava como novo. “Esse vendi-o para Ponte de Sôr, mas o Victrix não tem preço. Não o vendo por dinheiro nenhum”.

Agora está a restaurar um Carocha. “Daqui a três a meses deve estar pronto. Vai ver, fica completamente novo”, afirma e acrescenta: “E este também não vendo”.

Mas “Zé Latas” não se limita a construir ou a restaurar carros. Encaixa sempre algumas modificações a seu gosto, “para serem diferentes e se tornarem mais bonitos”. Para além dos carros, também reconstrói motas. A primeira foi uma Java. “Mas gosto mais dos carros. É mais bonito e dá mais gozo”.

José Pires, natural de Ponte Sôr, é também um homem dos sete ofícios. “Sou de tudo um pouco, fundidor, serralheiro civil, serralheiro mecânico, latoeiro, torneiro mecânico... e fazia também alambiques e pulverizadores”.

“Zé Latas” trabalhou, durante um ano e meio, como serralheiro na Metalúrgica Duarte Ferreira, em Tramagal. Viveu 14 anos em Mação e, quando regressou à sua terra, dedicou-se a fazer mesas para cafés e restaurantes. Fez ainda seis centenas de cadeiras para o cinema Crisfal, de Portalegre e tinha a sua oficina. “Não dava.. Gostava e gosto das coisas muito bem feitas e isso tornava-se mais caras. Então dediquei-me à sucata. O meu pai também era uma espécie de sucateiro e latoeiro”.

Hoje, é na oficina que passa a maior parte do tempo, alimentando a sua paixão de criar e recriar carros antigos. 

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