Home »
01 FEV 2008
JOAQUIM ESPANHOL E JOÃO DIAS: SILÊNCIO QUE SE VAI JOGAR SUECA
Por SÓNIA PACHECO

 

Sabedoria, compreender o parceiro, estudar o adversário, alguma sorte e muita concentração levaram Joaquim Espanhol (Sardoal) e João Dias (Mação) a conquistarem o título de campeões nacionais de sueca.

 

Joaquim Espanhol baralha as cartas e entrega-as ao parceiro que está sentado em frente. João Dias parte o baralho e devolve-as ao adversário da direita que tira o trunfo e distribui dez cartas a cada jogador. “Combinar baralhar e partir pode mudar muito”, exclama João Dias que confessa ser “fraco nessa matéria”. Depois das cartas dadas, é preciso “compreender o parceiro e estudar o adversário”, adianta Joaquim Espanhol ao explicar que os olhos do adversário brilham quando o jogo é bom e ficam tristes quando as cartas não são favoráveis. “Quem tem um jogo de quatro a seis trunfos e dois ou três ases tem sempre possibilidades de ganhar”. E agora silêncio que se vai jogar sueca.

De facto, “pode-se fazer tudo menos falar”, refere João Dias. É necessário “muita concentração”, embora seja a sorte “o factor número um”. Também Joaquim Espanhol afirma que quando se está a jogar “mais nada existe, pensa-se, pura e simplesmente, no jogo a exibir”. Para a mesa atiram-se ouros, copas, espadas ou paus e é preciso estar atento se o adversário faz renúncia, ou seja, se tem cartas do naipe a que se puxa e não as joga. “Se não assiste perde logo quatro jogos”, atesta João Dias. 

A sueca pressupõe também “um pouco de sabedoria para dar a volta ao adversário”. Entre os parceiros põem-se em prática os sinais combinados e, através de olhares, de gestos com as mãos ou do modo de colocar as cartas conseguem transmitir um ao outro o seu jogo. Mas, às vezes, não é assim tão simples. João Dias conta que já viu um jogador “à procura dos dedos” para exibir ao parceiro o sinal combinado. Por outro lado, segundo Joaquim Espanhol, é importante saber “distribuir o jogo, se não soubermos jogar as cartas na altura certa podemos perder”. Também “não podemos esquecer as cartas que saíram, as que estão para sair e as jogadas que o adversário corta”.

No papel é desenhado um risco na horizontal que é cortado com 15 traços na vertical, delimitando assim 15 jogos. Por cada jogo ganho conquista-se uma bola. Nos traços acima da linha horizontal são demarcadas, da esquerda para a direita, as vitórias de uma equipa e abaixo assinala-se, da direita para a esquerda, os jogos ganhos pelos adversários. Quando as marcações se encontram termina uma jornada e a equipa detentora de mais bolas conquista três pontos. 

Foi assim no torneio em Penela, organizado pelo grupo desportivo da vila, onde ao fim de cinco eliminatórias o título de campeões de sueca foi arrebatado por Joaquim Espanhol e João Dias. Decorrida a 8 de Dezembro, esta competição foi disputada por 362 equipas. A vitória valeu-lhes uma viagem aos Açores onde participaram noutro torneio um pouco diferente. “Nos Açores são dois baralhos, um só para o trunfo”, esclarece João Dias.

Parceiros há cerca de dez anos, ambos contam com um palmarés recheado de primeiros lugares, cujo prémio é uma libra para cada jogador. “Vou sempre para ganhar, mas se perder tenho bom perder”, declara Joaquim Espanhol, 76 anos, natural de Monte Cimeiro, Alcaravela, concelho de Sardoal. Aposentado da Rodoviária Nacional, entrou em competição há 20 anos, mas já joga sueca desde os 16 anos. Nesta altura jogava-se “a troco de um copo de vinho ou outra coisa, se perdessem pagavam da algibeira”. Embora afirme que não é preciso treinar, Joaquim Espanhol diz que, aos domingos, quando não há torneios, encontra-se com os amigos para jogar. O mesmo é dito por João Dias que já ensinou ao afilhado os segredos da sueca. Tem 41 anos e é carpinteiro de cofragens. Começou a jogar, há cerca de 20 anos, num café da aldeia, que entretanto encerrou, e agora costuma passar os domingos a jogar na associação da Queixoperra, Mação, onde, muitas vezes, se encontra com o seu parceiro.

Vício ou paixão, certo é que “trouxe muitos amigos”, sublinha Joaquim Espanhol que participa com o seu parceiro em todos os torneios integrados nas festas de verão. A próxima competição está agendada para dia 10, em Penela. 

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
Sim
Não
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design