O São Martinho vive-se, não se descreve. Vive-se o cheiro das castanhas, o barulho das ferraduras nas calçadas, as figuras de outros tempos, as vaidades e as paixões de quem ano após ano ruma à Golegã para viver mais uma Feira.
Ligar a tradição à modernidade é quase um slogan de todos os anos. A tradicional feira de São Martinho onde as gentes rurais, com o dinheiro das colheitas amealhado, compravam agasalhos para o inverno, perdeu essa ruralidade de subsistência, mas mantém o cheiro das castanhas assadas, as provas de água-pé que, por esta altura, nem sempre está cozida. Não importa, bebe-se a do ano anterior, comem-se petiscos, passeiam-se os cavalos, bem tratados e lustrosos, montados por cavaleiros e amazonas vestidos com traje apropriado.
Bancas com capotes, samarras, chapéus e botas é o que não falta pela Golegã, mas agora os valores são outros, os custos e os gostos. Não é a necessidade de fazer frente ao frio invernal, mas o gosto de envergar a indumentária condizente com o São Martinho da Golegã.
Gente de todas as idades enche as ruas da pacata vila e a noite só acaba com o nascer do dia. “A Golegã pelo São Martinho parece a 24 de Julho, em Lisboa”, diz Veiga Maltez, presidente da câmara goleganense.
Mas há mais, se a tradição é para manter, a modernidade vai juntando pontos. A Feira Nacional, Internacional do Cavalo e do São Martinho oferece aos visitantes um programa completo, tendo sempre o cavalo como ex-libris, ou não ditasse a lenda que o Santo Martinho viajava montando num cavalo, quando acudiu a um mendigo cortando um
pedaço da sua capa.
Há exposições, há palestras, lançamento de livros, espectáculos e concursos tendo sempre a nobreza do cavalo como tema.
Mas porque é uma feira, há que fazer negócio. E este ano a grande novidade é a permanência de poldros no picadeiro central para apreciação de potenciais compradores. “Na manga vão continuar a circular os cavaleiros e as amazonas, no picadeiro central estarão os cavalos para apreciação”, adianta o presidente.
Um outro dado é a alteração do pavimento no picadeiro. “Foi um investimento da câmara, mas tinha de ser feito, continua a ser um espaço público, mas tem que ser usado com alguns cuidados”.
O São Martinho começa, hoje sexta-feira, e prolonga-se até dia 15.