Na sequência da decisão do Tribunal da Sertã em levar a julgamento Irene Barata, presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, Paulo César, vice-presidente, e outros três arguidos, por suspeita de ilegalidades em processos de obras que remontam a 2003, a autarca dirigiu-se ao vilarregenses:
"Venho por este meio ousar dirigir-me a todos os Vilarregenses com o propósito de prestar os devidos esclarecimentos a quem confiou, ao de todo este tempo, na minha capacidade e das minhas equipas, para dirigirmos os destinos do Município de Vila de Rei.
Com efeito têm vindo a ser noticiado por diversos órgãos de comunicação social um processo que actualmente decorre no Tribunal da Sertã no qual somos acusados de diversos crimes com o propósito de favorecer duas Instituições Particulares de Solidariedade Social, a Santa Casa da Misericórdia de Vila de Rei e o Centro de Dia Família Dias Cardoso da Fundada.
Este processo decorre de uma denúncia de uma pessoa perfeitamente identificada que tem ao longo dos tempos procurado denegrir a minha imagem, tendo apresentado mais de 20 denúncias aos mais diversos organismos públicos, todas elas falsas e já arquivadas, à excepção de duas já mencionadas.
Sou a sublinhar a minha estranheza por só agora se avançar com este processo quando falta um ano para as eleições, sobre factos que decorreram, segundo o Ministério Público, entre 2003 e 2005 e relacionados com apoios concedidos a IPSSs, associações sem fins lucrativos, que contribuíram decisivamente para a melhoria das condições de vida dos nossos idosos e para a criação de muitos postos de trabalho.
Contrariamente aos que alguns tentam fazer passar, não estamos perante qualquer aproveitamento monetário de qualquer das pessoas envolvidas, uma vez que ninguém, repito, ninguém lucrou, seja o que for, com aquilo de que somos acusados.
Pelo exposto sou obrigada a associar esta tentativa de denegrir a minha imagem, com interesses políticos e até pessoais, por pessoas que não olham a meios, nem os efeitos secundários das suas acções, uma vez que para me atingirem pessoalmente, pouco se importam se com isso muitas outras pessoas tenham que sofrer.
Digo a todos que, se a procura de melhorar a vida de todos os Vilarregenses, o bem comum, a valorização do nosso Concelho, a criação de emprego, o aumento da população, é crime, então considero-me culpada… Culpada de o tentar fazer todos os dias.
Conheço cada um de vós, e estou certa que também me conheceis ao longo de todos estes anos de trabalho conjunto. Bem sei que não vos deixeis cair na tentação fácil de ligar a oportunistas que buscam o mal dos outros.
Mais cedo ou mais tarde a verdade virá à tona."
Refira-se que estão em causa três processos. O licenciamento de anexos habitacionais da Casa do Idoso da Santa Casa da Misericórdia de Vila de Rei, processo no qual os arguidos são acusados de forjar documentos de obras que afinal já estavam feitas, mas sem licença.
No caso do Centro de Dia Família Dias Cardoso, Irene Barata e Paulo César são acusados de favorecer a instituição através da mobilização de recursos do município para obras e de encarregar o engenheiro municipal Luís Lopes da realização de projectos.
Irene Barata é ainda acusada de peculato e falsificação ao autorizar o município a suportar 27 mil euros com obras feitas pela Escola Prática de Engenharia de Tancos em terrenos da mesma instituição.