Home »
02 JUN 2017
Torres Novas - Memórias da História de 1 a 4 de junho
Por Jornal Abarca

Na VIII edição do evento a aposta ainda é mais forte. Em declarações ao abarca, Pedro Ferreira, presidente do município, garante que não sente o projecto esgotado e acredita no potencial destas recriações.

De 1 a 4 de junho, o centro histórico de Torres Novas volta a encher-se de música, cor e alegria numa recriação histórica sob o tema “A Mediação do Mundo – Manuel de Figueiredo, cosmógrafo de Portugal” que nos remete para o século  XVII.

O cenário para esta edição centra-se em Manuel de Figueiredo, figura que dá nome a uma escola torrejana, e recria a sua visita a Torres Novas: o cosmógrafo traz consigo novidades e maravilhas dos novos mundos e espanta os torrejanos com a explicação das artes, da matemática, da astronomia e da navegação. A vila vê, pela primeira vez, mapas e astrolábios. É com este cenário como ponto  de partida que a edição de 2017 da feira pretende promover actividades lúdicas, espectáculos musicais e teatrais que recriam o ambiente certo para uma viagem no  tempo.

Entre as principais novidades está o alargamento do recinto do certame até ao Jardim das Rosas, a recriação de dois bailes (ao invés de um como nas edições anteriores) nas noites de sábado e domingo, e a criação de novas áreas temáticas, incluindo uma zona especialmente dedicada aos mais novos e para apoio às famílias. As principais atracções irão manter-se, nomeadamente a mouraria cheia com personagens da época, poder empunhar espadas na praça d’armas, entrar no submundo dos enfermos e desvalidos no Postigo da Traição, conhecer outras histórias no Paço dos Robertos ou provar iguarias numa das muitas bodegas dafeira.

Com uma periodicidade anual e por muitos considerada uma das melhores feiras do género em Portugal, este evento detém, segundo o município, uma “forte componente pedagógica, útil na transmissão de conhecimentos sobre a história local e nacional, a par do rigor histórico inerente a todo o evento”.

Para o presidente da Câmara Municipal “Torres  Novas  tem  um  cenário  lindo  e  uma  história  que  nos permite reviver  todas as épocas”. Pelo facto de o número de participantes ter vindo a aumentar anualmente, a grande expectativa do autarca  passa  por  “aumentar  o  número de visitantes, que se cifrou em cerca de 13 mil pessoas em simultâneo no sábado da anterior edição”, refere. Considera que o  formato da festa não está esgotado e recusa retirar-lhe a periocidade anual. “Enquanto continuar a ser um sucesso, enquanto as pessoas gostarem, vamos continuar a fazer. A nossa festa tem já uma imagem forte e as pessoas gostam”.

No que ao investimento diz respeito, Pedro Ferreira assume que “nenhuma edição chegou ao fim totalmente paga” mas relembra que “há parcerias que vão além do investimento financeiro” algo que se engloba “na nossa aposta para promover a cidade”. Conclui assumindo que “os custos não têm sido traumatizantes” e que “em termos orçamentais haverá sempre disponibilidade para estes eventos”.

Além do enquadramento natural, a grande riqueza de Torres  Novas para o seu presidente é a comunidade local: “As pessoas vestem-se com roupas de época, entram no espírito e nota-se que têm orgulho. As colectividades  que participam nestas iniciativas são muito importantes”. Orgulha-se do “rigor histórico que temos na nossa festa” e gosta de ver que “os mais pequenos começam aqui a sentir orgulho e a perceber a história de Torres Novas”. Completa a ideia referindo que “na sexta-feira é o dia dedicado às escolas e temos mais de 700 crianças envolvidas só para o período da manhã”.

Confrontado com o modo como as Festa do Almonda ficaram comprometidas pelo sucesso das Memórias da História, Pedro Ferreira assume que este evento “veio comprometer um pouco [as festas do Almonda], até por questões financeiras”. Ressalva, no entanto, que tem sido feito um esforço para “manter a razoabilidade das festas” garantindo que “teremos um bom cartaz nas festas da cidade e não queremos que se percam”.

 

De Torres Novas para o  Mundo

Joaquim Rodrigues Bicho, no livro “Toponímia da Cidade de Torres Novas”, conta um pouco da história do ilustre que este ano dá o mote à feira de época da cidade de Torres Novas. Segundo o autor, Manuel de Figueiredo nasceu em Torres Novas, em 1568 e foi um dos discípulos de Pedro Nunes. Foi mestre de matemática, cosmografia, astrologia, aritmética e arte de navegação e desempenhou, interinamente, o cargo de cosmógrafo-mor do reino, sendo o terceiro depois de Pedro Nunes.

Escreveu “Chronographya, Reportório dos Tempos” em 1603, que é, segundo a obra “História de Portugal – Dicionário de Personalidades” que contou com a coordenação do Professor José Hermano Saraiva, “um tipo de almanaque produzido à semelhança de textos com o mesmo título, publicados por outros autores. No entanto, além das diversas informações habituais, acrescentou comentários que valorizaram a obra, como é o caso do “regimento da Estrela do Norte”, composto por 16 regras e não pelas tradicionais oito”. Mais tarde, escreveu a  “Hidrografia,  Exame de Pilotos”, “na qual adicionou às informações de carácter náutico, vários roteiros das grandes carreiras portuguesas, produzidos com base em antigos textos”. O nome de Manuel de Figueiredo tornou-se conhecido de sábios estrangeiros  que o consideraram um matemático muito importante. Acabaria por falecer por volta do ano de 1630.

 

Feiras  Anteriores

2016 | D. Jaime de Lencastre – No Tempo das Confrarias
D. Jaime de Lencastre, filho do Marquês de Torres Novas, neto bastardo de D.João II, foi padroeiro das quatro paróquias da cidade e exerceu cargos eclesiásticos de relevância junto da corte de D. João III. Como cenário a época dos Descobrimentos, surgia a Inquisição, era o tempo das confrarias e da fundação das primeiras misericórdias. O reino teve prosperidade, consequência das viagens marítimas e das riquezas de África, do Oriente e do Novo Mundo.

2015 | A Carta do Povoador
Nesta edição Torres Novas recuou até 1190, invocando o foral atribuído pelo rei D. Sancho I à vila de Torres Novas. Sancho I (Alhandra, 11 de novembro de 1154 – Coimbra, 26 de março de 1211), apelidado de Sancho, o Povoador, foi Rei de Portugal de 1185 até à sua morte. Era filho de D.Afonso Henriques e de sua mulher Mafalda de Sabóia. Promoveu e apadrinhou o povoamento dos territórios do país, daí o seu cognome “Povoador”.

2014 | Na Senda de Gil Paes
Em 1373, as pretensões de D. Fernando ao trono de Castela, valiam a Portugal nova invasão dos exércitos castelhanos. Torres Novas foi das poucas praças que resistiu ao cerco montado em torno do seu castelo e Gil Paes foi o alcaide torrejano que assegurou a menagem ao seu rei, mesmo quando, diante de si, o rei castelhano dava ordens para que lhe enforcassem o filho, entretanto capturado.

2013 | Por Terras da Rainha Santa
Em 24 de junho de 1304, na comemoração do 22.º aniversário da primeira troca de olhares, D. Dinis fez doação de Torres Novas à Rainha Santa Isabel. Durante os 32 anos que se seguiram, pode a vila contar com a protecção e com a presença assídua da rainha, chegando ainda o rumor das boas acções que na cidade praticou.

2012 | O Dote da Princesa
Coroado em 1521, D. João III trazia de seu pai, D. Manuel I, a firme resolução de casar a sua irmã Isabel com o Imperador Carlos V, o novo rei de Castela. Reunidas as Cortes em Torres Novas, em 1525, ali se decidiu e contratualizou essa união que, 56 anos depois, acabaria abrindo caminho à perda da soberania de Portugal.

2011 | A Chegada do Rei Menor
No ano de 1438, morria el-Rei D.Duarte, deixando o príncipe herdeiro com apenas seis anos. Para além dos juramentos de fidelidade a prestar ao jovem rei, era necessário resolver a questão da regência. A quem confiar os destinos de Portugal durante a menoridade de D. Afonso V? A disputa entre facções de opinião divergente quase levou o reino a uma guerra civil, e Torres Novas foi o cenário desse confronto.

2010 | Revisitar D. Manuel I – 500 anos do Foral Novo
820 anos antes, Torres Novas tornava-se formalmente um concelho através da carta de foral concedida por D. Sancho I. É no reinado de D.Manuel I (1495-1521) que é atribuído o foral novo a Torres Novas. A antiguidade deste diploma e a sua importância na regulamentação da vila durante séculos conferem-lhe o estatuto de documento-monumento, símbolo da história de Torres Novas.

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
Sim
Não
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design