Home »
01 MAR 2017
Março, mês de Marte e de Equinócio
Por Jornal Abarca

O primitivo calendário romano, que perdurou até ao ano 713 a.C., não possuía qualquer base astronómica pois os períodos em que era divido o ano (durante muito tempo considerado com a duração de trezentos e quatro dias, distribuídos por dez meses), não eram relacionados com os movimentos do Sol ou da Lua. Desses dez meses, os primeiros quatro eram dedicados a deuses da mitologia romana, sendo o primeiro de todos (Martius) votado a Marte, o segundo (Aprilis) dedicado a Apolo, Maius a Júpiter e Junius a Juno. Só com a reforma do calendário que Numa Pompílio fez entrar em vigor, em 713 a.C., é que foram introduzidos mais dois meses, também eles dedicados a deuses – Janus e Febro.

Obviamente, as necessidades de aperfeiçoamentos no calendário resultaram sempre da preocupação de o fazer coincidir, o melhor possível, com a repetição dos períodos climatológicos, ou seja, com as estações do ano. Mesmo depois da reforma de Numa Pompílio - da qual resultou um ano com trezentos e cinquenta e cinco dias - a coincidência não foi alcançada, dado que o ano estabelecido continuava a ser mais pequeno do que o “ano das estações” (também conhecido por ano trópico). As coisas melhoraram quando – quase setecentos anos depois – Júlio César decidiu intervir, com a preciosa ajuda de Cleópatra que, do Egito, lhe enviou um astrónomo (Sogínes) para preparar a desejada reforma do calendário. As correcções efectuadas nesse ano de 46 a.C. geraram grande confusão (Ano da confusão) mas a aproximação ao rigor tornava-se maior, com o equinócio da primavera fixado em 25 de Martius e o ano a começar no primeiro dia de Januarius, que passaria a ser o primeiro mês do ano, logo seguido de Februarius. No entanto, o ano era agora longo demais e era necessário novo ajustamento e o Concílio de Niceia do ano 325 da nossa era, fixa o dia do equinócio da primavera na data de 21 de março. Mesmo assim, ainda não era o suficiente: as estações antecipavam-se, ainda que muito ligeiramente, levando a que, em 1582, a igualdade do dia com a noite (a data do equinócio) ocorresse a 11 de março. Novo (e, por enquanto, último) ajuste seria promulgado em 1582 pelo papa Gregório XIII, pelo qual se “eliminavam” três anos bissextos em cada quatrocentos anos e se voltava a fixar o equinócio da primavera no dia 21 de março.

Entretanto, as progressivas exigências de rigor na definição dos períodos de rotação e de translação da Terra e os inconvenientes sentidos pela igreja em acompanhar tais preciosismos, levaram à consideração de um “calendário eclesiástico”, que mantém ligações a momentos de práticas religiosas e o “calendário astronómico” que vai incorporando os rigores progressivamente definidos pelas instituições científicas. Assim, o momento do equinócio vai “saltando”, em cada ano comum, cerca de cinco horas e cinquenta e cinco minutos, implicando isso a possibilidade de “passagem” para o dia posterior, regressando à mesma data no ano bissexto seguinte. Por exemplo, em 2007, a acumulação sucessiva de tal diferença, nos anos anteriores, levou o equinócio da primavera para o início do dia 21 de março, tendo, no ano seguinte, regressado ao dia 20, por 2008 ter sido bissexto. No entanto, nos anos que se seguiram, o somatório de tais diferenças já não deu para que, em 2011, se tivesse transitado para o dia 21, tendo o equinócio ocorrido às 23 horas e 21 minutos do dia 20.

Segundo o “calendário astronómico” – e é por esse que regulamos as nossas vidas – a primavera (no hemisfério norte da Terra) vai iniciar-se, nas próximas décadas, sempre no dia 20 de março, até que – a partir de 2050 – haverá anos em que começará no dia 19 do mesmo mês.

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
Sim
Não
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design