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01 AGO 2017
DECOCOLORES
Por Jornal Abarca

Nos anos sessenta do século passado surgiu em Portugal vindo de Espanha um movimento católico soprado pela Opus Dei e tendente a trazer de volta as ovelhas tresmalhadas independentemente da posição social, cor da pele e idade, importava serem prosélitos desviados do bom caminho.

O movimento criou sugestivas tiras chamativas com a palavra DECOLORES ser apresentada em várias cores berrantes a suscitarem a atenção dos mirones e mesmo dos desatentos pelo inusitado colorido colocado nos automóveis dos reconvertidos. O movimento extinguiu-se no meio de alguma chacota e risos porque os «tus» exageraram nas adesões sem freio dando azo a situações caricatas. No entanto, para mim ficaram as letras cintilantes a darem corpo à presente crónica subordinada aos frutos e vegetais da época estival.

Em Portugal está muito incipiente a apresentação dos frutos de modo a os liso e rugosos surgirem ante os nossos olhos num cromatismo capaz de proporcionar quadros a fazerem lembrar os dos pintores como Maigret, Degas, Renoir, Gaugin, Matisse, Manet, Monet, Van Gogh, e outros cujos quadros nos ficaram na memória pela exuberância das cores.

Nos mercados de todo o Mundo os frutos e os vegetais apresentam-se num ordenado mosaico de cores cuja combinação provoca admiração, se o leitor já esteve em Estocolmo, certamente, não ficou indiferente ao espaço concedido a frutos, vegetais e flores mais conhecido mercado, o mesmo se passa em Budapeste, Praga, Banguecoque este último mostra as composições num lençol de água, noutras paragens asiáticas as criações artísticas derivadas das frutas mostram-se na qualidade de marcas identitárias da estirpe dos jardins do Vaticano e de Versailles. Em Portugal vale a pena espalhar olhares no Mercado do Funchal florido e frutado com espécies de paragens de ares calorosos vindos de África.

As feéricas composições quantas vezes temáticas proporcionam chamamento da atenção dos cidadãos para figuras esquecidas, factos históricos, manifestações festivas e tradicionais, ainda as de carácter humorístico envolvendo sátira social originando fluxos de visitantes quando ocorrem.

Dietas orientais defendem a elaboração dos pratos envolvendo vegetais e frutos de seis cores- amarelo, branco, castanho, verde, vermelho e preto – pois estão convictos que estabelecem harmonia de sabores e bom desenvolvimento mental e corporal. Os chefes cozinheiros esmeram-se na confecção desses pratos multicolores pois também envolvem elementos róseos, beges, púrpura e demais tons saídos do cruzamento e enxertos das plantas.

Nos concursos de culinária artística verifica-se quão grande é a paleta de cores e sabores dentro de múltiplos estilos, desfeitos quando chega a hora de serem apreciados. Também vale a pena referir as composições culinárias inspiradas em pinturas famosas, dessa inspiração resultam receituários vendidos nos museus e galerias de arte. Boas visões e melhores degustações desejo ao leitor, seja no âmbito doméstico, seja nos restaurantes. Os tradicionalistas depreciam a chamada comida de desenho, no seu entender muito cara e pouco volumosa nos pratos de maior dimensão no intuito de dar maior projecção à criação. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Uma experiência de vez em quando não faz mal a ninguém, excepto à carteira.

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