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01 AGO 2017
O fim da excepção
Por Jornal Abarca

Oficialmente, o início do estudo das Relações Internacionais remonta a 1648, ao Tratado de Vestefália, aquando do fim da Guerra dos 30 anos. Porém, já havia relações internacionais antes disso. Com o advento da expansão marítima europeia, iniciada por Portugal em 1415, a chegada dos europeus à Ásia meridional, no final do século XV, e ao extremo oriente poucas décadas depois, criou um novo paradigma nas relações internacionais. Com o contacto entre a Europa e a Ásia, as relações internacionais deixaram de ser um fenómeno regional, para passarem a ser uma realidade inter-continental e global. É certo que estas relações entre continentes já existiam há milhares de anos.

Os romanos, por exemplo, tinham fortes relações comerciais com a Índia. Porém, devido à distância, estas relações eram sempre pautadas por intermediários. No entanto, após o século XVI, as relações entre europeus, indianos, chineses e japoneses viriam a estabelecer-se como o centro nevrálgico das relações internacionais. Assim, as relações internacionais foram, durante quatro séculos, centradas no eixo euro-asiático. Eram, portanto, um fenómeno continental.

Porém, no final do século XIX, com a ascensão económica dos EUA e, depois da II Guerra Mundial, com a sua afirmação enquanto potência global dominante, as relações internacionais passaram a ser um fenómeno atlântico, oceânico, com os EUA e a Europa a estabelecerem boa parte da agenda internacional. Este foi um período excepcional que parece estar agora a caminhar para o seu fim. Com a sua política “A América Primeiro”, Donald Trump está a fazer os EUA retrocederem do seu protagonismo global. Por seu turno, a Europa deve procurar alternativas face às reticências americanas. Essa necessidade fez a Europa olhar novamente para o Oriente. Com a saída dos EUA do Acordo Climático de Paris, a União Europeia encontrou na China um potencial aliado na concretização das metas de Paris. O mesmo sucede na manutenção do livre comércio mundial. A China, juntou-se à Europa no esforço em prol de um comércio mundial sem barreiras e, ao mesmo tempo, a União Europeia encontra-se em vésperas de assinar um acordo de livre comércio com o Japão. Este novo olhar para o oriente poderá, assim, vir a por fim à excepção atlântica que marcou a história das últimas décadas. 

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