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04 JUN 2018
Entrevista - Francisco Fanhais: "Quando o Zeca [Afonso] morreu foi como tirarem-me um pedaço de mim a frio"
Por Jornal Abarca

Tem 77 anos, foi padre e cantou contra a ditadura. Refez a vida, casou, teve dois filhos e vive no Alvito, Alentejo. É um nome incontornável da música de intervenção e mantém uma admiração inabalável por Zeca Afonso.

Como despertou para a luta antifascista?
Foi ter conhecimento de toda a luta da oposição contra a ditadura. Desde as eleições de 1958, com o Humberto Delgado, até depois ao começo da guerra colonial em 1961. Tudo isso despertou em mim um sentimento de que tinha de fazer alguma coisa para as coisas mudarem. Em 1963 ouvi pela primeira vez uma música do José Afonso. Foi o primeiro contacto absoluto que tive com a música do Zeca. Ainda estava no seminário no Barreiro, e um padre veio ter comigo e disse-me: “Tu que gostas de música ouve este disco que vais gostar de certeza”. Era um disco em vinil que tinha “O Menino do Bairro Negro” e “Os Vampiros”. Aquilo para mim foi um murro no estômago… pensei “como eu gostava de conhecer este homem, como eu gostava de cantar como ele canta”.
 
Como foi o dia do regresso a Portugal?
Foi muito emocionante… cheguei no dia 30 de Abril de manhã, entrei em Vilar Formoso e a estação estava rigorosamente deserta excepto um cabo que andava a caminhar por lá. Um amigo meu disse-lhe a sussurrar, para se meter com ele, “ó nosso cabo, diga-me lá onde estão os pides”. O cabo, por não reconhecer a brincadeira, disse muito sério: “Fale alto que isto agora é um país livre!”. Foi o primeiro ar de um Portugal livre. Isto dito por um soldado…
 
A sua fé em Deus ainda é a mesma de quando decidiu ser padre?
Sinto-me muitas vezes desiludido com a igreja oficial mas isso não destrói de maneira nenhuma aquilo que é essencial no Cristianismo que é a figura de Jesus Cristo. Sinto-me próximo dele e com uma ligação permanente na minha vida.
 
Quem é Francisco Fanhais hoje em dia?
Sou uma pessoa que procura ser um cidadão honesto, coerente e vertical, servindo-me para isso da minha própria personalidade, dos poemas que canto e dos amigos que tenho. Procuro ser coerente comigo próprio ao longo de toda a minha vida.
 
Poderá ler o resto da entrevista na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.
 
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