Home »
01 JUN 2018
Saber Astronomia, para quê?
Por Jornal Abarca

O leitor já reflectiu sobre eventuais razões para o seu desejo de saber se vai chover nos próximos dias, a que horas nasce o Sol no dia do seu aniversário ou por que anda alegre, triste ou zangado um seu vizinho ou colega de trabalho? Se nunca o fez, e fizer agora, talvez conclua que só nos sentimos bem conhecendo razoavelmente o ambiente que nos rodeia para que, com tranquilidade, possamos planear a nossa vida diária, contando previamente com as condições meteorológicas, com o tráfego rodoviário nos locais por onde vamos passar e até com eventuais humores - nossos e dos nossos familiares e amigos - para que, assim, seja mais fácil e agradável a vida quotidiana. O mesmo acontecerá quando liga um televisor, um fogão ou um microondas, recursos que consideramos já indispensáveis e que muito nos incomodam quando, ao premir um botão, eles (os equipamentos) não “fazem” o que esperamos, muitas vezes por inabilidade nossa e desconhecimento das (por vezes) complexas funções que lhes são atribuídas.

Digamos que parece ser certo que os seres racionais não poderão “sentir-se bem” sem o conhecimento mínimo do mundo que os rodeia, o que lhes permite viver com sentimento de segurança e de partilha não só com os seus semelhantes mas também com outras espécies com que se habitua a conviver. É por isso que gostamos de ter cães, gatos e outros animais, sabendo previamente como agem, sendo essa condição essencial para a tranquilidade com que partilhamos com eles alguns momentos da nossa vida.

No entanto, circunstâncias diversas da “vida moderna” têm vindo a condicionar o modo como os humanos vêem o mundo, limitando-se a olhar os carros, os cães, os gatos, as cidades, as praias e os campos de futebol, prendendo-se a tentar perceber detalhes, em geral efémeros e sem contributo verdadeiramente válido para uma vida feliz e tranquila.

Stephen Wawking - um iminente físico e cosmólogo recentemente falecido - num dos muitos discursos que proferiu, sugeria aos seus ouvintes: “Primeiro lembrem-se de olhar para as estrelas, lá no alto, e não para os seus pés, lá em baixo”, querendo dizer, certamente, que o mundo mais facilmente visível – aquele que se situa à nossa volta – é muito menos importante e “completo” do que aquele outro, muito mais amplo e aliciante, constituído pela meia esfera situada acima das nossas cabeças e, simultaneamente, das de todos os habitantes da Terra. Nela (na referida “esfera celeste”) está “escrita” a história da humanidade, não só a relacionada com culturas e vivências em épocas diversas e locais bem diferentes - que conduziram a divisões do céu em regiões onde se imaginavam figuras de objetos, animais e figuras mitológicas, personagens de inúmeras e fantásticas lendas – mas também a que “relata” métodos adotados por povos primitivos para se deslocarem nos mares do norte e da Polinésia, os utilizados nas grandes navegações dos séculos XV e XVI e, mais recentemente, os “faróis” que guiam as naves espaciais lançadas da Terra para diversos pontos do nosso sistema solar. Para além disso, o nosso Sol vai passando todos os dias “por sobre as nossas cabeças” atingindo alturas sempre diferentes ao longo do ano, enquanto elabora energia que lança no espaço, gerando (e alimentando) a vida, pelo menos no nosso planeta, vivendo, ele próprio, da transformação permanente de elementos químicos herdados de outras estrelas que explodiram há milhões de anos.

Em inúmeras direcções do céu observável, milhões de estrelas agrupadas em galáxias imitam o nosso Sol, enquanto algumas delas continuam a lançar no espaço o produto da sua elaboração, de que resultaram os elementos que originaram a vida na Terra e, muito provavelmente, em milhões de planetas por todo o cosmos, sugerindo-nos a ideia de que não estaremos sós e que é quase certo não seremos os seres mais bonitos e inteligentes em todo o Universo.

Saber Astronomia, para quê? Para conhecermos melhor o mundo em que vivemos, para nos “sentirmos bem” e reforçarmos a consciência de que existem muitas razões para assumirmos a nossa verdadeira humildade.

No próximo dia 30 de junho o Centro Ciência Viva de Constância proporciona um pequeno curso de “Introdução à Astronomia”, durante o qual os participantes terão oportunidade de recordar e consolidar conhecimentos que todos possuímos, com recurso aos equipamentos existentes, como meios audiovisuais, instrumentos de “medição” do céu, planetário, binóculos e telescópios.

Informações/inscrições: info@constancia.cienciaviva.pt; Telef. 249739066; Telem. 911588984

(0) Comentários
Escrever um Comentário
Nome (*)

Email (*) (não será divulgado)

Website

Comentário

Verificação
Autorizo que este comentário seja publicado



Comentários

PUB
crónicas remando
PUB
CONSULTAS ONLINE
Interessa-se pela política local?
Sim
Não
© 2011 Jornal Abarca , todos os direitos reservados | Mapa do site | Quem Somos | Estatuto Editorial | Editora | Ficha Técnica | Desenvolvimento e Design