Maria José Ferreira ficou cega do olho direito e está em risco de ter um pé amputado, segundo o relato da filha. Luísa culpa a casa de acolhimento onde a mãe esteve nos últimos meses. Teresa Sousa, proprietária do espaço, nega qualquer responsabilidade. Pelo meio, está uma vida em sofrimento que nos provoca um nó no coração.
Luísa Ferreira tem, também, fortes suspeitas de que a mãe era amarrada para não poder sair. “No dia 19 de Janeiro recebi uma mensagem para não ir visitar a minha mãe porque ela estava doente”, tendo recusado esse pedido. “Se estava doente era mais uma razão para a ir ver”. Quando chegou junto da mãe assistiu a um cenário que não esperava: “As mãos estavam o triplo do volume e negras, eu nem sabia o que fazer”, comenta. Levou a mãe à cabeleireira e “uma enfermeira presente no local disse logo que aquilo era perigoso e que ela tinha estado presa”. Aliás, Luísa suspeita que “há lá pessoas que estão sempre amarradas". (...)
Segundo as informações de Luísa Ferreira, a mãe está cega do olho direito “e pode ter que retirar o olho”, embora acredite que essa hipótese seja reduzida. E isso terá acontecido no período de quatro meses e onze dias em que esteve na casa de acolhimento de Teresa Sousa. (...)
“Cheguei a um ponto em que pensava mesmo que mimava demais a minha mãe e que ela é que sabia como fazer o trabalho”. Ao ponto de ignorar os alertas da própria mãe: “Sempre me disse que ela lhe batia. Onde é que eu tinha a cabeça?”, questiona “Podia ter evitado isto tudo”. Maria José, neste momento a ser acompanhada por uma pessoa da confiança de Luísa, questiona várias vezes a filha: “E agora, já acreditas?”. “Isso dói”, assume. (...)
A dona do espaço nega os maus-tratos e deixa alguns reparos: “A gente não a podia aturar porque ela não deixava ninguém dormir, não fazia nada do que lhe mandávamos fazer, foram noites horríveis e a filha sabia bem que eu avisei-a muita vez”, diz. “Se eu tivesse pessoas maltratadas, com hematomas, os enfermeiros que aqui vêm viam as coisas e denunciavam”, reitera. (...)