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04 SET 2019
"Viagem a Portugal" em destaque nos 10 anos de Materiais Diversos
Por Jornal Abarca

O Festival Materiais Diversos está de regresso a Minde, Alcanena e Cartaxo, entre 27 de Setembro e 05 de Outubro para comemorar o 10º aniversário. Elisabete Paiva, directora artística do festival, manifestou “enorme alegria por conseguirmos que um projecto cultural complete 10 anos em Portugal”. Uma das peças em destaque é “Viagem a Portugal”, nos dias 28 e 29 de Setembro em Alcanena.

“Viagem a Portugal é mais do que uma peça, é um projecto de pensamento, mergulhar nesta ideia de país”. As palavras são de Joana Craveiro, responsável pelo texto e direcção da peça que pretende “pensar sobre Portugal”. Quando, em 2017, apresentou “Viajantes Solitários” no festival, “começámos logo a desenhar este projecto”, referindo-se à relação profissional de longa data com Elisabete Paiva. O espectáculo, que já passou pelo Minho, Viseu e Loulé, vai-se adaptando ao espaço, tornando-se assim uma viagem dentro da própria viagem: “Trabalhamos com as memórias locais, recolhemos muitas histórias de vida e temos esse legado para trabalhar”, explica. Joana, nascida no ano da revolução dos cravos, dá um exemplo: “Travámos 13 anos de guerra colonial em África e estes homens com quem nos cruzamos diariamente estiveram lá”, e são, assim, parte do nosso país, desta “viagem a Portugal”.
 
Joana rejeita peremptoriamente qualquer evocação de nacionalismo, até porque “é uma ideia perigosa”, mas sim a realização “de um trabalho poético, em busca de vários simbolismos”. A ideia é, também, fazer o espectador pensar sobre “o que é isso de ser Portugal”, diz. Contudo, deixa claro que “não pretendo mexer na consciência de alguém, mas é bom as pessoas questionarem o seu papel no mundo”. Lembra, como remate para o que é o espectáculo, que “a história é feita por pessoas ‘pequenas’, não por aqueles que lemos nos livros”.
 
Uma viagem itinerante
Para a realização do espectáculo itinerante a equipa do Teatro do Vestido, produtora da peça, tem estudado o espaço em Alcanena para conseguir o melhor percurso possível. “Há uma série de espaços pensados para utilizarmos e estamos a negociar”, conta Joana Craveiro. A escolha deste formato para o espectáculo prende-se, em primeiro lugar, com a preferência da equipa: “Onde é possível não estarmos em palco, não estamos. Os espaços inspiram-nos mais do que o palco”, diz Joana. Mas, também, para potenciar o próprio espectáculo: “Pretendo oferecer uma experiência ao público e conto com a colaboração do público para entrar nesta viagem”, esclarece.
 
A peça, produzida pelo Teatro do Vestido, será apresentada num espectáculo em percurso por Alcanena, nos dias 28 e 29 de Setembro, com partida no Auditório dos Curtumes, tem um custo de 6,00€ e tem jantar incluído. Conta com a actuação de cinco elementos: além da própria Joana Craveiro, Estevão Antunes, Tânia Guerreiro, Francisco Madureira e Mafalda Pereira. A cenografia fica a cargo de Carla Martinez, a iluminação de Leocádia Silva e a produção conta com a participação de Alaíde Costa.
 
Ligação à terra dos avós, em Torres Novas: “O espectáculo também é sobre isto”.
Joana Craveiro cresceu em Lisboa, mas tem raízes no concelho de Torres Novas, nomeadamente na Zibreira, terra da avó, e em Resgais, aldeia do avô, pelo lado da mãe. “Não tinha uma ligação forte à terra, mas visitava quando era mais nova”, conta. Sabe que os avós foram cedo para a capital à procura de melhores condições de vida que o Portugal rural não oferecia: “A minha avó saiu de casa com 14 anos”, diz. “Era uma vida pobre, com famílias numerosas, marcada pelo trabalho no campo”. Repentinamente lembra que “o espectáculo também é sobre isto”. Ou seja, sobre “como todos vinham de situações de miséria, não estudavam” lembrando que é “importante saber qual a primeira geração a ir para a universidade” de forma a que se possa caracterizar o país. “Dou aulas nas Caldas da Rainha e a maior parte dos meus alunos, na casa dos 20 anos, são essa primeira geração na família a ir para a universidade.
 
À parte da ligação familiar ao Ribatejo, Joana estudou na capital tendo feito o 12º ano na Alemanha, num programa de intercâmbio. Formou-se em Antropologia em Lisboa ao mesmo tempo que concluía o Conservatório de Teatro. Mais tarde tirou mestrado em encenação na Escócia e o Doutoramento em Londres. Em 2001, fundou o Teatro do Vestido, já escreveu mais de 40 peças e lecciona na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha.
 
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