Chego ainda cedo ao largo histórico da aldeia de Quadrazais, no concelho raiano de Sabugal, terra onde o contrabando não era pecado, mas destino. Por ali, o que se resgatava das terras era-o com muito suor e pouco proveito, a vida pouco mais era do que viver nos limbo da sobrevivência.
“Em Quadrazais, quem não era contrabandista, era acusador”, comenta António Borrega Ginja, de 75 anos, que sempre fez desse o seu modo de vida a partir dos nove anos, quando já “ia a Espanha buscar pão e azeite”, e apenas com duas curtas interrupções. “Abalei para França com 17 anos, regressei aos 20 e fiz a tropa, combatendo na guerra colonial na Guiné. (...)
Pelo caminho os contrabandistas trocavam informações sobre os locais onde estavam os guardas e por onde podiam passar. Esta vida na clandestinidade exigia a perspicácia dos linces ibéricos “com que se cruzavam), de estarem com atenção a algum reflexo do luar nos bonés dos guardas-fiscais, de tudo o que pudesse denunciar a sua presença nalgum lugar… (...)
O patoá de Quadrazais, minimalista e cultivando a arte do ludíbrio, é cúmplice íntimo do saco às costas a saltar pelos muros e por trilhos de que os contrabandistas e as solas dos seus sapatos eram autores. (...)
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