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02 DEZ 2019
Entroncamento - O charme discreto dos Fenómenos
Por Jornal Abarca

O livro Fenómenos do Entroncamento - A História das Estórias foi apresentado publicamente no dia 30 de Novembro no renovado auditório municipal São João da cidade ferroviária, com os convidados e participantes no evento a esgotarem a lotação de 400 lugares da nova e magnífica sala de cultura da cidade. A sessão, que constituiu uma homenagem cultural e emotiva às bizarras singularidades e aparições que ocorreram entre a comunidade local sobretudo nas décadas de 1950 e 1960, contou ainda com a apresentação de um notável vídeoclip/pequena metragem e da exibição ao vivo da música-hino alusiva aos fenómenos do burgo, tornados populares no século passado pelos jornalistas Eduardo O. P. Brito e Antero Fernandes, e pela Casa Carloto, que os divulgou através de populares coleções de copos, de chávenas e de outros produtos.

A mesa de apresentação do livro contou com a presença do presidente da Câmara do Entroncamento, Jorge Faria, do editor Vieira da Silva, e dos autores da obra: Paula Carloto de Castro (que também coordenou toda a edição e foi a grande dinamizadora do evento), Manuela Poitout e Manuel Fernandes Vicente. Depois da intervenção inicial de Vieira da Silva, que se referiu às suas ligações familiares à povoação e evocou histórias pitorescas e curiosas de episódios e de alcunhas, foi a vez de Manuel Fernandes Vicente intervir com a sua perspetiva sobre o tema que tantos interessados reuniu no São João, muitos deles com histórias pessoais e familiares que também se cruzaram com as singularidades e aberrações vegetais e animais que tiveram a sua época de ouro e muitos adeptos. “Este livro é sobre uma lenda que muita gente no Entroncamento ainda mantém, e sobre a utopia de a poder tornar numa realidade que pode trazer algo de muito positivo à cidade”, referiu o coautor, que falou dos fenómenos como uma herança e um legado. “Num mundo global, e onde predomina a ideia da globalização, são as nossas particularidades e singularidades que podem vir em nossa ajuda”, observou. Manuela Poitout, pautou a sua intervenção com a leitura comentada de um trecho do livro, Contos do Ribatejo, de José Amaro, dedicado aos fenómenos do Entroncamento e a uma visita guiada por Eduardo Brito pela “Fenomenolândia”, e cuja descrição trouxe por alguns minutos a evocação espirituosa da atmosfera ingénua e pitoresca dos “bons velhos tempos”.

“Os fenómenos são uma inspiração”
Paula Carloto de Castro, de quem partiu a iniciativa do livro e de todo oevento celebrado, tem uma visão sobre os fenómenos, que são “um ato de cultura”. E sente a missão de os levar em diante, tendo recordado a memória do pai e do irmão como pessoas que comungavam também da ideia de os levar mais longe, e para além da tradicional visão platónica e romântica. “Os fenómenos do Entroncamento são e devem continuar a ser uma inspiração. A mesma inspiração que na década de cinquenta, nos equiparou à América e que nos fez bater a China”, referiu, depois de agradecer com emoção a presença de cada participante no evento. “Cada um de vós, com um gesto, um conto, uma palavra de incentivo ou a vossa presença, contribuíram decisivamente para o dia de hoje”, sublinhou, notando que “se sentiu uma vontade autêntica de falar no passado e de perceber que era imperioso fixar na escrita e na música este património imaterial”.

“Os fenómenos do Entroncamento foram encarados com fama e glória na época do seu surgimento, depois perderam graça e foram vistos com chacota e gozo, até que caíram no esquecimento de quem não os percebia. Provavelmente foi preciso passar este tempo para que hoje se olhem para eles com a maturidade cultural de quem respeita o passado da vida de um povo e de uma terra”, disse Paula Carloto, agradecendo depois “às juntas de freguesia e à Câmara do Entroncamento, nas pessoas do seu presidente, Jorge Faria, e dos seus vereadores, a sensibilidade e o interesse em recolocar o tema no seu devido lugar na história”. E tornou claro que o principal propósito do livro foi “fixar na escrita e na música a história de um lugar que mantém imutável a sua marca como terra dos fenómenos”. E que resistiu, como a sessão deste sábado comprovou, à “comissão liquidatária” de gente com azia crónica que há na cidade.

O presidente da Câmara do Entroncamento, Jorge Faria, sublinhou que apesar da identidade ferroviária da cidade, os fenómenos do Entroncamento são também uma marca identitária da cidade, manifestando a disponibilidade do município em apoiar acontecimentos que promovam os velhos fenómenos.

A iniciativa, que foi apresentada de forma bem-humorada pelo ator Carlos Cunha, culminou com a apresentação do vídeoclip que passará a ser, com o hino-canção nele exibido - Estranhos, Bizarros, Gigantes (Fenómenos do Entroncamento) - e o livro, a marca de promoção e divulgação dos fenómenos do Entroncamento. Nele, há um regresso ao Entroncamento antigo e familiar, aos comboios e aos recortes de jornais onde prosperavam as notícias dos exotismos criados e desenvolvidos no Entroncamento. Pelo vídeo, que começa pelo enigmático “número 8” da rua Engenheiro Ferreira de Mesquita (foi a casa onde viveu Eduardo O. P. Brito), e pelo cato gigante que fazia as suas delícias (e cujo estado de saúde preocupa a filha, Graça Brito), passam a boa disposição geral, os recortes com o reputado “melro branco”, “o toureiro que morde no touro”, o “carneiro com quatro cornos”, o vegetal inexplicável que era “batata por baixo, tomate por cima”, uma fogosa arruada, a arte insólita de fazer passar um comboio junto à capela de São João e noutras ruas da cidade, uma canção que vai ficar no ouvido de todos os que a ouvirem uma vez e sobretudo o talento enorme de Pedro Dyonysio, o seu realizador e compositor do virtual hino, dos músicos, de Carlos Cunha (que representa no vídeoclip o “pai dos fenómenos”, do Coro Concórdia, e a ajuda de muitas outras pessoas e instituições que cooperaram na sua realização. O pequeno concerto dado no final por Pedro Dyonysio, os seus pares e o Concórdia fecharam com chave de ouro uma apresentação difícil de esquecer a todos os presente.

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