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14 ABR 2020
Covid-19 - Segundo a Ministra da Saúde seria hoje o pico da crise
Por Jornal Abarca
Evolução de Novos Casos de 17 de Março a 14 de Abril, dias com mais de 100 novos casos
Evolução de Novos Casos de 17 de Março a 14 de Abril, dias com mais de 100 novos casos

A 21 de Março, na habitual conferência de imprensa diária para ponto de situação sobre a Covid-19, a Ministra da Saúde, Marta Temido, referiu que o pico da curva epidémica deveria ocorrer “à volta do dia 14 de Abril”, tendo em conta a evolução dos casos e as estimativas epidemiológicas. Nesta altura Portugal tinha “apenas” 12 mortos e 1280 casos. Actualmente os números dispararam para 567 mortos e 17448 casos, dos quais 16637 estão activos.


Centrando-nos exactamente na data referida por Marta Temido, teremos atingido o pico da crise hoje?

Importa esclarecer que “o pico” não é nenhum tipo de ciência exacta. Depende da evolução da pandemia e, no caso concreto da Covid-19, o pico reage ao comportamento das pessoas, o único método conhecido capaz de reduzir os casos de contágio.

O pico não é um momento exacto no tempo, daí as palavras de Marta Temido serem algo pouco acurado. Em entrevista ao abarca na edição de Abril, a Dra. Emília Valadas, infecciologista no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, menciona isso de forma irónica: “quando ela [Marta Temido] diz que o pico é a 14 de Abril só faltou dizer a hora exacta”.  

O pico será o momento em que a curva epidémica começará a mostrar um comportamento regressivo, ou seja, em que a ocorrência de novos casos começará gradualmente a ser menor. Mas os casos activos continuarão a aumentar porque vão continuar a existir novos casos em número superior aos óbitos e recuperados.


Analisando a evolução de novos casos diários, através dos dados da Direcção-Geral de Saúde, concluímos que a curva terá estabilizado a 31 de Março, data em que houve 1035 novos casos, ainda que pareça existir alguma confusão na contagem destes números. E essa altura coincide, também, com os 14 dias de período de incubação do vírus após o Estado de Emergência decretado a 18 de Março.

De qualquer forma, desde essa data os números têm sido regulares, com excepção de três datas: 6 de Abril trouxe 452 novos casos e 13 de Abril apenas 349 enquanto a 10 de Abril se registaram 1516 novos casos, sendo o pior dia desde o início da pandemia em Portugal.

A proximidade de datas com números tão díspares não permite tirar conclusões concretas. Como mostrado acima, a 13 de Abril houve apenas cerca de 23% de novos casos em comparação com o dia 10 de Abril. Depende, claro, da quantidade de testes que é feita e, também, do local onde são realizados. O norte de Portugal tem sido mais afectado pela Covid-19 do que o sul, logo se a realização de testes não for distribuída de forma equitativa todos os dias, é expectável poder aparecer algum dia com um comportamento anormal.

Em Abril, ignorando os três dias referidos com comportamentos anormais, e considerando os onze dias em que o número de novos casos se centra entre os 500 e os 900, a média de novos casos diários é de 699 casos (o número exacto de casos do dia 8 de Abril). De facto, procurando uma resposta à frase da Ministra da Saúde, nos últimos quatro dias temos números abaixo dessa média.


Analisando o gráfico da evolução de novos casos desde o dia 17 de Março, primeiro dia com mais de 100 novos casos, a média diária de novos casos é de 590. Nos últimos quatro dias, três estão abaixo desse número e o único superior é de 598, um desvio irrelevante. Temos, portanto, quatro dias seguidos a mostrar menos de 600 casos, algo que não acontecia desde 24 de Março quando o surto ainda estava controlado (o máximo de registos diários até essa data eram 460 novos casos).

São sinais positivos, mas por si só não permite tirar conclusões. Como a evolução da curva em Portugal tem sido mais prolongada, devido às medidas de prevenção adoptadas de forma antecipada – sobretudo em comparação com outros países como França, Espanha ou Itália –, evitando um pico completamente insuportável para o Sistema Nacional de Saúde, é provável que só no final de Abril seja possível concluir se hoje foi mesmo o dia em que a curva estabilizou.

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