Pintora prestigiada, desenhadora, pescadora lúdica, cantora lírica, coralista fiável, atriz, educadora infantil empenhada, mãe, e, prenda à idade, avó recente, Filomena Marques é sobretudo uma mulher determinada e focada no que são os seus objetivos e as suas paixões.

Filomena Marques nasceu alentejana na aldeia de Velada, concelho de Nisa, em 1958, e veio um dia para o Entroncamento aos oito anos, a meio da sua escola primária. “Chorei todo o caminho! Eu não queria vir. Viemos numa camioneta de mudanças para o Entroncamento, que para mim era uma grande cidade, e nesse mesmo dia vi os comboios pela primeira vez”, diz a pintora-educadora de infância da cidade, sem esconder ainda hoje uma certa nostalgia do seu Alto Alentejo. (...)

A revelação do talento com as mãos chegou precoce. “Descobri isso muito cedo, muito pequena. Eu fazia bonecas e figuras para os presépios de Natal em barro, e as pessoas perguntavam-me como é que eu fazia aqueles bonecos. Lembro-me também de um amigo de 14 anos ter feito uma vez no chão, com um pau, um desenho. Eu vi-o, e fiz logo ao lado outro igual. Ele ficou espantado, sobretudo porque eu tinha então apenas nove anos”, nota. (...)

Mas, nos quadros que Mena Marques extrai dele, o mar parece também preservar a maresia e as impressões que dele se recolhem in loco, seja no mar bravio da Figueira da Foz, aonde regressa todos os anos, ou nos mares de Peniche, do Baleal e do Algarve. “Pintar é um mundo meu, falo através da pintura. É a pintar que eu quero exprimir-me, e isso funciona mesmo como uma terapia, gosto de pintar sozinha, eu e os meus materiais, é a minha forma de poesia e um ato subjetivo”, diz Filomena Marques, notando que mesmo nesta época de confinamento teve de se exprimir, “numa arte impressionista, sem os contornos das figuras”. (...)

Poderá ler o resto da entrevista na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.