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31 JUL 2020
Menos população e mais desemprego: A triste realidade da região
Por Jornal Abarca

São números assustadores: 86% dos concelhos do país perderam população na última década e, aqueles que contrariam a tendência são, por norma, os concelhos das grandes áreas metropolitanas que albergam os trabalhadores que se deslocam diariamente para os seus empregos nas principais cidades do país.

A nossa região não é excepção: apenas dois dos catorze concelhos da área de abrangência do abarca conseguiram contrariar esta tendência no período 2011-2019, nomeadamente o Entroncamento e Vila Nova da Barquinha. Não será alheio a isto o facto de a Cidade Ferroviária oferecer, através do comboio, ligações privilegiadas a vários pontos do país, nomeadamente à capital. O Entroncamento registou, assim, um aumento de 6,08% de população residente neste período. Vila Nova da Barquinha, ali ao lado, beneficia dessa posição geográfica para crescer 1,63% desde 2011.

Mas estas são, de facto, as excepções. Ao fazermos uma análise global da região, são então doze os concelhos que perderam população, o que equivale dizer que 85,70% dos municípios da nossa região perderam população, mantendo a média idêntica aos registos nacionais. Em números absolutos a região perdeu 12 561 habitantes, descendo a linha dos 200 mil habitantes, numa queda variável de 6,15%. Traduzindo as contas, equivale isto a dizer que a região perdeu o equivalente ao concelho de Alcanena desde 2011; ou a Chamusca e o Sardoal juntos; ou Vila de Rei, Gavião e Mação. São dados preocupantes mas difíceis de contrariar.

O Gavião é o concelho que perdeu mais habitantes desde 2011, praticamente um quinto da população, seguido de Mação com uma queda de 13,38% e Abrantes que perdeu quase 10% da população. De facto, o concelho abrantino está nos piores registos quer em termos relativos, quer em números absolutos, sendo o mais afectado neste domínio ao perder 3 700 habitantes neste período. O segundo concelho mais afectado é Tomar com uma queda de 3 462 habitantes face a 2011. De facto, dos três municípios com mais habitantes, apenas Torres Novas não sentiu uma quebra grande, mas ainda assim viu partir 1 657 pessoas. Contudo, é justo fazer uma menção honrosa aos municípios de Constância, Sardoal e Vila de Rei.

Apesar de terem perdido população face a 2011, houve uma tendência de crescimento em relação a 2018. Constância aumentou a sua população 0,70%, Vila de Rei 0,06% e Sardoal 0,05%. São números modestos mas que dão esperança para que se possa, a longo prazo, inverter aquilo que parece ser uma dura e lenta sentença de morte.

Os efeitos da Troika
Os Censos de 2011, que servem de base para este estudo do INE, coincidem com a entrada da Troika em Portugal. A crise económica levou a que muitas pessoas emigrassem, nomeadamente jovens, que saíram de Portugal ou que saíram do interior em busca de melhores condições de vida nas grandes cidades. Em sentido inverso, existiu uma quebra na imigração, o que acentuou esta tendência de desertificação do país.

Os efeitos a longo prazo da crise económica, e da intervenção da Troika em Portugal, ainda estão longe de se dar como concluídos. Um dos efeitos prende-se com a menor capacidade dos jovens em constituir família, adiando os seus planos para mais tarde. Não só casam e são pais mais tarde como têm menos filhos.

Desemprego aumenta com a pandemia
Outro estudo, do IEFP, mostra os primeiros impactos que a pandemia da Covid-19 teve na taxa de desemprego na região. Comparando os meses de Maio deste ano com o de 2019, apenas um concelho da região, Ferreira do Zêzere, tem mais pessoas empregadas. E, em números absolutos, falamos apenas de mais dois postos de trabalho ocupados.

Todos os outros concelhos aumentaram a taxa de desemprego, fazendo com que a região tenha um aumento de 29,85%, ou seja, mais 1 279 pessoas inscritas no IEFP em período homólogo. A isto não é, naturalmente, alheia a pandemia e os efeitos na economia.

Em números relativos os concelhos de Vila de Rei e Alcanena destacamse pela negativa, com um aumento de praticamente 69% e 65%, respectivamente, no número de desempregados. São, inclusive, os únicos municípios da região com um aumento superior a 50% no número de desempregados face a Maio de 2019. Ainda assim, em números absolutos, o concelho de Abrantes apresenta o pior registo com 1 600 desempregados, praticamente 30% do total da região. Tomar com 1 044 desempregados e Torres Novas com 844 ocupam os restantes lugares do pódio pela negativa. Dados que acabam por ser naturais tendo em conta que, como vimos, são os concelhos mais populosos.

Chamusca, Constância e Gavião foram os únicos concelhos a aumentar a taxa de desemprego em menos de 15%, com destaque para o município constanciense com um aumento de apenas 8%. Tendo em conta a época que vivemos, são números que oferecem alguma esperança no estancamento dos efeitos da pandemia neste domínio.

Estes números não incluem os trabalhadores em lay-off que, embora não estejam numa situação de desemprego, viram os seus salários cortados em 34%, o que se traduz numa situação de maior precariedade.

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