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12 OCT 2020
REPORTAGEM - 'Outubro Rosa' com Teresa Neves: "Vejo o mundo de outra forma"
Por Jornal Abarca

A campanha Outubro Rosa tem como objectivo lembrar a importância da prevenção contra o cancro da mama e do colo do útero. Patrícia e Teresa, duas sobreviventes de cancro, contamnos as suas histórias de luta. Sara Torcato Parreira, enfermeira de oncologia, lembra que o diagnóstico precoce é fundamental.

Teresa Neves, 48 anos, natural de Abrantes e assistente social na Santa Casa da Misericórdia na cidade, também passou pelo drama do cancro da mama. E é um exemplo de como a prevenção e um diagnóstico rápido podem ajudar a evitar males maiores.

Em 2003 ao mexer no comando da televisão “senti um nódulo e o médico disse que era um tumor benigno”. Teresa focou-se na palavra benigno e não na palavra tumor: “Apesar de ele aconselhar a tirar, eu não liguei”, admite. A mamografia que fez no ano seguinte reforçou-lhe o pensamento: “Estava igual e por isso continuei a não ligar”.

Tudo mudou num banho em Novembro de 2005: “Senti que tinha crescido bastante de forma repentina”. Com medo do que sabia que a esperava, “só ganhei coragem de ir ao médico em Fevereiro de 2006”. Aí detectaram-lhe um carcinoma e sentiu “o mundo a desabar, foi devastador”. Reconhece que a gestão do processo foi um erro da sua parte desde o primeiro momento. “Foi um erro brutal não ter tirado logo, não tinha passado por aquilo que passei”.

Teresa explica que o doente passa por várias fases. “Primeiro há revolta e pensamos ‘porquê eu?’, mas depois passamos à fase da aceitação e perguntamos ‘porquê os outros e não eu?’”. Essa noção de que “somos todos iguais” é um ponto de partida importante para a consciencialização de que “pode acontecer a qualquer um”. A partir da aceitação o optimismo aumenta e “ajuda neste processo”.

Em Abril de 2006 foi, finalmente, operada e, ao contrário de Patrícia, não quis reconstituir o peito: “Sinto-me maravilhosa, somos o que somos e não o que temos”, remata. Acredita que se trata de uma questão estética mas “não tenho problema nenhum em usar decotes ou ir à praia”.

Em todo o processo salienta a força e o apoio de familiares e amigos e acredita ser fundamental ter confiança no médico que acompanha a doente: “O Dr. Paulo Cortes foi fantástico comigo”, reconhece. A enfermeira Sara Torcato Parreira lembra que o trabalho em equipa é fundamental e que os clínicos também sentem as dores dos doentes: “Há mulheres que ficam anos connosco em tratamento, acabamos por estabelecer uma relação com as pessoas e com as famílias e quando há a perda da pessoa é sempre muito difícil para nós”, reconhece.

Durante os tratamentos, Teresa sentia-se muito cansada e “a nível psicológico é terrível”. Na altura a sua filha, Alexandra, tinha seis anos e “é muito difícil explicar tudo a uma criança”.

Voltou ao trabalho ainda careca, “com um lenço na cabeça”, e lembra um dos momentos mais marcantes em todo o processo: “Quando rapei o cabelo fiquei três horas na casa de banho a olhar-me ao espelho”. Tinha cabelo loiro e nos primeiros meses nascia preto com caracóis e, enquanto assim foi, usou sempre lenço. Pede, também, às pessoas em redor que não tratem os doentes com discriminação, ainda que com boa intenção: “Deixei de ir à missa porque as pessoas vinham ter comigo com lástimas: ‘Coitadinha, tão nova’, e eu não gosto disso”.

Quatorze anos depois “vejo o mundo de outra forma, sei que sou diferente e dou mais valor às pequenas coisas”, à imagem de Patrícia. E dá valor, sobretudo, ao que conquistou. Refez a vida e foi novamente mãe: “Tenho um menino com 11 anos”, diz com os olhos a brilhar. “Costumo dizer que o Ricardo foi uma bênção, nunca mais me lembrei que tive cancro. Foi como começar uma segunda vida”.

Poderá ler a reportagem completa na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.

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