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19 OCT 2020
REPORTAGEM - 'Outubro Rosa' com Patrícia Nunes: "Não saio de casa sem um sorriso"
Por Jornal Abarca

A conversa com Patrícia Nunes, natural de Torres Novas, é animada e uma lição de vida. “Há uma coisa que não suporto ouvir”, diz. O silêncio espera pela resposta: “Quando me dizem que não têm tempo”. A vida é curta e Paty, como é conhecida pelos amigos, sabe-o melhor do que ninguém. Quando tinha onze anos a mãe teve um grave acidente de automóvel ficando sem uma perna; em 2010 viu partir o seu sobrinho, Ricardo, com apenas 23 meses vítima de um tumor na cabeça. É, por isso, ainda mais impressionante como a alegria que transmite contagia facilmente qualquer pessoa.

Patrícia descobriu que tinha cancro da mama aos 33 anos. Após uma partida de futsal em Fátima, desporto que pratica, “fui tomar banho e notei um caroço”. Admite que desvalorizou por pensar que se tratava “de alguma pancada durante o jogo”. Contudo, semanas depois notou um alto no músculo, “não era na mama”, e decidiu ir ao médico. “Detectaram um nódulo”, mas não tinha nenhum sintoma. Durante alguns meses limitou-se a fazer ecografias até que, a 25 de Junho de 2015, foi operada e o nódulo foi para análise.

Uma semana mais tarde recebeu a pior notícia pelo voz do Dr. João Vargas Moniz: “Minha filha, tens de ir já para o IPO porque tens um carcinoma”. Lembra-se que estava a dar aulas nos Olhos de Água, em Alcanena, e “caiu-me tudo, comecei a chorar”. E, desde esse primeiro momento, pensou sempre nos outros: “A minha irmã já tinha perdido um filho com um tumor, a minha mãe o neto… decidi contar apenas à minha amiga Lila”, como trata Liliana Dias.

Desabafou com o seu médico que, faz questão de sublinhar, “foi um grande homem”. Ao contar-lhe o historial da família, o clínico “tirou a bata, ficou ao meu lado e disse-me para acreditar em mim e nele”.

Sara Torcato Parreira, 34 anos, natural de Alcanena, é enfermeira-chefe de Oncologia, Hospital de Dia e Unidade da Mama na CUF Tejo, em Lisboa. Explica que para os profissionais desta área é difícil separar as águas: “Os enfermeiros que trabalham nesta área têm um determinado perfil e é importante que o tenham” acreditando que é fundamental “saber gerir as nossas emoções, comunicar muito bem com as pessoas e gerir expectativas”. Sente-se grata quando isso é reconhecido porque “não é um processo fácil para nós”.

Em Outubro do mesmo ano, Patrícia volta a ser operada e retirou a mama. “Nesse dia as minhas colegas de equipa foram comigo ao hospital em comitiva”, conta emocionada. Apesar de retirar a mama, nunca se viu sem peito, visto que na mesma operação foi feita a reconstituição com silicone. “Depende muito da forma como cada um enfrenta a situação”. Ainda assim, sublinha, “a parte estética não é a mais importante, se o médico disser que não, é mesmo não”.

Viu coisas que não deseja a ninguém: “A fase terminal é muito dolorosa, se me acontecer só quero morrer”.

Patrícia, que completa 39 anos a 27 de Outubro, vive para o desporto. É instrutora de fitness e futsalista. “A partir da terceira sessão de quimioterapia deixei de jogar”, lembra com pena. “Posso parecer cruel, mas custou-me mais ouvir dizer que não podia voltar a jogar do que não podia ter filhos”, uma decisão a que já se tinha acostumado depois do doloroso processo que levou à morte do sobrinho.

Apesar de reconhecer que “perdi muitas faculdades”, a vida ganhou outros contornos e a conclusão é simples: “Vivo como nunca vivi, faço o que gosto e não me chateio com nada”. Os problemas, de facto, são uma questão de relatividade. Fez tratamentos até Junho de 2016 e “tenho de tomar comprimidos o resto da vida”. Uma condicionante que aceita: “Tudo isto reforçou a minha alegria de viver, não saio de casa sem um sorriso”.

Poderá ler a reportagem completa na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.

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