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02 NOV 2020
ENTREVISTA - Vicente Batalha: "Hoje discute-se
aquilo que Santareno tem na sua obra"
Por Jornal Abarca

Em mês de centenário de Bernardo Santareno, pseudónimo de António Martinho do Rosário (Santarém, 19.11.1920 – Lisboa, 30.08.1980), entrevistámos Vicente Batalha, que conviveu de perto com o artista que tem raízes na aldeia de Espinheiro, concelho de Alcanena. Numa conversa afável, Vicente Batalha revê a sua vida e fala dos sonhos que tem.

Viveu momentos difíceis?
Nunca perdoarei o que fizeram aos meus pais, enviaram os dois filhos no mesmo ano para a Guiné. O meu irmão foi em Janeiro e eu fui em Setembro. Vivíamos todos debaixo desse cutelo que era a Guerra Colonial, e foi duríssimo para eles. Mas em minha casa nunca se falou em desertar, nem o meu pai que era oposicionista e acabou militante do Partido Comunista Português. Nunca isso se conversou em casa, nem me passou pela cabeça. Os desertores tiveram o seu mérito ao nível da opinião pública internacional, mas os alferes que começaram a contestar e a criar a discussão sobre o que estávamos ali a fazer também foram muito importantes. (...)

Como classifica a polémica em que a Câmara Municipal de Santarém proibiu a inscrição da frase “Lutem para que o fascismo não torne a acontecer neste país”, da autoria de Santareno?
A Câmara tomou um posição que me parece censória. É lamentável… e depois o presidente [Ricardo Gonçalves] teve a infelicidade de publicar a frase modificada [acrescentou “comunismo” depois de “fascismo”]. Não prestigia o centenário de Bernardo Santareno nem a Câmara Municipal de Santarém.

Acha que a cultura e, concretamente, Santareno são relegados em Portugal?
Acho que sim… nenhum dos teatros nacionais, em Lisboa e no Porto, tem peças de Santareno em cena no ano do seu centenário, critico isso. Também penso que as suas obras deveriam voltar ao contacto das novas gerações, é fundamental. Não é a questão de ser obrigatório, mas é importante que os jovens contactem com o humanismo de Santareno através das suas obras. “Os mares do fim do mundo” já esteve no Plano Nacional de Leitura, “O Judeu” já esteve no programa do 12.º ano, e foram simplesmente eliminados. Pela actualidade, pela universalidade dos seus problemas, pelas questões que coloca, pelo pensamento que aponta, é fundamental voltar ao contacto com as novas gerações e é uma das coisas que deve sair deste centenário. (...)

Poderá ler o resto da entrevista na edição em papel do Jornal Abarca, disponível nos postos de venda habituais.

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