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21 DEZ 2020
REPORTAGEM: "Natal para Todos"
Por Jornal Abarca

Num ano atípico, duas jovens do Tramagal decidiram oferecer um Natal diferente! Uniram esforços numa recolha de brinquedos para darem a quem mais precisa. A entrega decorre na antevéspera de Natal. Por momentos esquecem-se os problemas.

Invariavelmente as acções de maior solidariedade surgem em momentos complicados e por pessoas que vivem momentos, também, difíceis. Este ano o Natal no Tramagal teve outro encanto graças a duas mulheres que, embora desempregadas, não se esqueceram das crianças da terra, sobretudo das que mais necessitam.

Ana Paula Rodrigues, 25 anos, natural do Tramagal, e Vanessa Ferreira, 39 anos, nascida em Lisboa, mas a residir na Vila-Convívio há mais de vinte anos, são as autoras do movimento que tem como lema “Levar o Natal a todo o Tramagal”.

“Foi uma ideia minha, que surgiu em conversa de café”, revela Ana Paula. “Mas eu teria desistido ali, a Vanessa é que agarrou a ideia”. A conversa girava em torno do que dar aos filhos neste Natal, considerando a situação de desemprego de ambas. Conversa puxa conversa e lembraram-se como seria bom dar um presente a quem tem maiores dificuldades. “Temos coisas que podemos reciclar, achei boa ideia”, simplifica. Vanessa completa: “Disse logo que íamos em frente!”.

Procuraram ajuda porque sozinhas não seria possível concretizar a ideia. “Tivemos uma reunião com o presidente da Junta de Freguesia e com a vereadora Celeste Simão e eles foram impecáveis”, agradece Vanessa. 

Assim, passaram à prática: a recolha de brinquedos foi feita durante cerca de três semanas em vários locais da vila como o Núcleo do Sporting, o Intermarché, o Gabinete de Estética Dina e na própria Junta de Freguesia. “Mas há pessoas que vêm dar a casa ou vamos buscar”, conta Vanessa. “A Junta de Freguesia cedeu-nos a escola no Crucifixo para armazenarmos as doações e podermos trabalhar”.

Ao início tiveram receio de algumas críticas, mas continuaram o caminho: “O nosso objectivo eram as crianças e focámo-nos nelas”. Ainda assim, “não estávamos à espera de tanta adesão”. 

Vanessa acredita que “nos tempos que correm as crianças ficam egoístas e esta é, também, uma tarefa educativa. É bom para aprenderem que há meninos que até com um brinquedo usado ficam felizes porque de outra forma não têm nada”. Lembra, inclusive, que “temos descoberto pessoas que não precisam só de brinquedos para os filhos, mas que estão numa situação desesperante porque não têm o que comer”, lamenta. Assim, as tarefas de Ana Paula e Vanessa extravasaram o próprio propósito a que se disponibilizaram: “Fomos ao encontro destas pessoas e estamos a tentar ajudá-las”.

A entrega dos presentes acontece no dia 23 de Dezembro e conta com a presença de um Pai Natal. A viagem é feita à boleia de uma carrinha cedida pela Junta de Freguesia e os presentes entregues porta a porta, tendo sido previamente contactados os destinatários. Espera-se que a experiência corra tão bem que o Natal de 2021 já está no horizonte: “Este ano está a ser uma aventura, mas já nos desafiaram para repetirmos no próximo Natal”.

Victor Hugo Cardoso, presidente da Junta de Freguesia de Tramagal, elogia a pró-actividade das duas mulheres: “Encontraram uma forma feliz de ajudar as crianças que têm mais necessidades e de lhes dar uma alegria. Estão a dar o exemplo à comunidade”. E acrescenta: “Estamos sempre prontos a apoiar estes projectos”. 

 

Um exemplo a seguir
O presidente da Junta de Freguesia de Tramagal enaltece o exemplo dado por Ana Paula e Vanessa: “São duas jovens que, infelizmente, estão desempregadas e decidiram ocupar este tempo ajudando os outros”, diz Victor Hugo Cardoso.

Vanessa Ferreira acredita que “estar numa situação difícil também predispõe a ajudar”. Durante a conversa em que surgiu a ideia deste projecto, pensaram: “Se estamos assim, quantas famílias não hão-de estar?”, explica Vanessa que tem dois filhos de 16 e 7 anos. “Eles têm muitos brinquedos que já não brincam com eles”.

Ana Paula, também com dois filhos, de 6 anos e 10 meses, acredita que o facto de “não ter a cabeça tão ocupada faz-nos pensar nas coisas e pensamos mais nos outros”. A sua índole fá-la “sofrer demasiado com a dor dos outros” e segue como lema de vida a velha máxima que replica: “Gostava que fizessem o mesmo por mim caso precisasse”.

Apesar de todas as dificuldades, Vanessa resume o sentimento: “Isto tem sido como uma terapia para mim porque me sinto útil. Esqueço os meus problemas”.
 

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