Autarca, associativista, historiador, professor e sempre pronto para ajudar a sua terra. Poucas pessoas se entregaram de forma tão desmedida ao Sardoal. O amor à terra é o rótulo com que Luís Gonçalves fica para a história. Dois anos após o falecimento prematuro, recordamos a sua história.

O orgulho nas suas raízes marcaria profundamente a sua vida. Embora filho de trabalhadores rurais, conseguiu um percurso académico notável, contornando dificuldades que se assumiam como inultrapassáveis. (...) “Ele dificilmente teria um percurso que o levasse aos estudos”, lembrando as dificuldades económicas da época. “Uma vez o meu avô fez um trabalho rural para uma pessoa mais abastada da aldeia e o pagamento era em vinho. O nosso avô estaria a pedir mais do que o acordado ou estariam a pagar-lhe menos e como o nosso avô estava a exigir o que entendia ser adequado, a outra pessoa terá dito que ele só pensava em vinho e que o filho haveria de ser igual”. O pai de Luís Manuel levou a profecia a peito e prometeu na hora: “Não, o meu filho há-de estudar”. E assim foi. (...)

Tiago confessa que “à primeira vista poderia parecer um bocado distante”, mas “sentíamos sempre que ele gostava muito de nós, emocionava-se muito quando falava de nós e orgulhava-se muito do nosso percurso”, reconhece. Os filhos lembram “um certo fascínio” pela figura do pai. “Ele tinha muito boa memória, sabia tudo sobre o Sardoal. Às vezes íamos a caminhar na rua e quando aparecia alguém, ele ficava à conversa a contar coisas sobre a terra”. (...)

De tal modo é reconhecida a dimensão do seu contributo altruísta em prol do Sardoal que, por proposta de Miguel Borges, o actual Arquivo Histórico Municipal foi baptizado com o seu nome em Setembro de 2019. “É um grande motivo de orgulho”, admitem os filhos.

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