Procurar e encontrar um sentido de vida é algo que talvez possa definir uma certa forma de felicidade. Carlos Vicente Mendes, nascido em Tancos e atualmente coordenador do Centro de Estudos de Arte Contemporânea de Vila Nova da Barquinha, encontrou o seu rumo quando descobriu o desenho e a pintura.

Carlos Vicente nasceu em dezembro de 1956, à beira do Tejo, na “velha vila de Tancos, vila sim, e não aldeia, porque foi vila e nunca me constou de que tivesse sido desclassificada”. De Tancos, terra natal e de onde se avista com privilégio o Castelo de Almourol, fala com ternura, amor e conhecimento. E também do avô materno, barqueiro e pescador, de que fala com saudade e admiração, foi o seu companheiro de muitas horas e jornadas de infância, na maracha ou atravessando o rio. (...)

“Foram mais de dez anos assim, todos os dias a andar de comboio entre o Entroncamento e Lisboa. Saturei-me dessa vida, eu era um emigrante no meu próprio país”, conta Carlos Vicente, sublinhando que em Lisboa aproveitava todo o tempo para ver filmes no Quarteto e aproximar-se de tudo o que fossem exposições ou se relacionasse com a sua arte. (...)

Como artista, Carlos Vicente revê-se hoje já bastante distante da sua fase mais jovem. “Eu dantes tinha quase a obsessão para fazer tudo muito perfeitinho até ao mínimo detalhe, mas hoje a minha pintura é diferente, é mais informal, procuro identificar mais o conceito que perseguir a perfeição. Procuro as coisas que nos tocam, que nos fazem reparar nelas, que requerem uma intervenção artística, a verdade é que ainda ando à procura do meu desenvolvimento…”, considera. “Todo o artista é político, mas é-o através das artes, a política está nelas”, diz, reconhecendo a influência inspiradora de Sam Abercrombie na sua pintura. (...)

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