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13 JUN 2021
OPINIÃO | "A Palestina Vencerá!", por Ricardo Rodrigues
Por Jornal Abarca

Não pretendo romantizar absolutamente nada do que acontece há décadas na Palestina. Não tenho esse direito. Mas se há coisa em que acredito profundamente é de que, no final, o amor sempre vence o ódio. Pode levar meses, anos ou décadas, mas o amor vencerá sempre. Já citei Pepe Mujica sobre o tema e acredito profundamente nisto que escrevo.

Para cultivar o amor é preciso empatia. É preciso que nos coloquemos na pele do próximoe responder a uma pergunta tantas vezes posta de lado quando fazemos julgamentos sobre o outro: e se fosse comigo? Costumo olhar para os refugiados que chegam à Europa fugindo da morte, e ao mesmo tempo que ouço discursos de ódio sobre aquelas pobres almas, pergunto: e se fosse comigo? E se fosse a minha mãe? E se fossem os meus filhos?

Ainda criança, no ano de 2000, um dia cheguei a casa vindo da escola para almoçar e ao ver o noticiário ficou-me para sempre gravada a imagem de um homem que, encurralado no meio de fogo cruzado, tentava proteger o corpo do filho, Muhammad al-Durrah, sensivelmente da minha idade, enquanto gesticulavam apavorados implorando para pararem. Não tinham para onde fugir nem onde se esconderem. A criança acabou morta, ali, sem dó nem piedade, no colo do pai. A imagem correu mundo, mas nunca se desvaneceu da minha cabeça. Podia ser eu, podia ser um dos meus. Dói, não dói?

Uma mulher palestiniana, Eman Basher, escreveu há semanasno twitter: “Esta noite, pus as crianças a dormir no nosso quarto. Assim, quando morrermos, morremos juntos e ninguém viverá para chorar a perda do outro”. Dói, não dói?

Ninguém merece viver com a morte como companheira. Nenhuma criança merece que lhe roubem a infância. Nenhuma mãe deveria sentir-se impotente para proteger as suas crianças de balas e bombas de ganância. Nenhuma lágrima, nenhuma gota de sangue deveria ser derramada em nome da loucura dos Homens.

Nada, absolutamente nada, justifica a chacina que a Palestina tem sofrido nos últimos 73 anos. Ninguém, absolutamente ninguém, parece interessado em resolver definitivamente o problema. Em ajudar os mais fracos. E é essa sensação de impunidade, de que os mais fortes podem matar a seu belo prazer sem prestar contas, que está a sufocar não só a Palestina e o seu povo, como um mundo de gente que não consegue fechar os olhos a isto. Não há ética, não há moral, não há humanidade. Onde está a ONU? Onde estão os EUA que atacam meio mundo em nome de uma suposta democracia? Onde está a Rússia tão lesta a intervir (e bem) na Síria? São anos a mais de um povo heróico a resistir de pé, mas abandonado.

De uma coisa eu tenho a certeza: o amor vencerá. Só lamento, profundamente, que numa sociedade tão desenvolvida ainda se adormeça com medo de que uma bomba mate os nossos filhos, rebente os nossos sonhos e dilacere a nossa alma. Pode demorar décadas, mas a Palestina será Livre!

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