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23 SET 2021
OPINIÃO | "Caos", por Humberto Lopes
Por Jornal Abarca

“Meninos, o vosso quarto está um caos; têm cinco minutos para o arrumar!”

Aqui o caos significa a falta de arrumação, eventual dispersão, dos objectos do quarto dos meninos.

“O tempo (meteorológico) está um caos, já nem sabemos como vai estar amanhã!”

Neste caso o caos é a ausência do conhecimento do futuro, previsão.

Podemos considerar que no primeiro caso se fala em caos com o significado corrente – ausência de ordem.

No segundo caso podemos considerar que o caos é a dificuldade da previsão do futuro.

A Matemática é uma ciência “intrometida”, isto é, gosta de procurar modelos que possam explicar a realidade de todos os acontecimentos e, se possível, prever o futuro.

É célebre a frase que diz “o bater de asas de uma borboleta na China pode causar um tornado nos Estados Unidos”!

Política à parte, a frase pode ser verdadeira, só que não temos modelo matemático que possa prever tal acontecimento!

“O bater se asas da borboleta” é um sistema dinâmico que depende de muitas variáveis e do qual é muito difícil conhecer as condições iniciais, isto é, as medidas (valores numéricos) do “bater de asas e consequências imediatas”, pelo que se torna impossível, com precisão, conhecer a evolução desse sistema no tempo.

O mesmo se passa com a previsão do tempo meteorológico. Para este sistema são conhecidos acontecimentos passados e suas evoluções no tempo horário que permitem constituir uma base de dados de tamanho razoável. Com esta base de dados é possível fazer prognósticos com uma certa probabilidade de virem a acontecer a médio, ou longo prazo. Actualmente, é normal as previsões do tempo meteorológico apresentarem percentagens das possibilidades de chover ou não, de haver ou não um tornado em certo local da Terra. Mas certezas não há!

O Homem, ao longo da sua existência na Terra, tem procurado explicações para os fenómenos que não conhece, que não domina e é muito curioso sabermos como tudo foi evoluindo.

Há muitos, muitos anos eram os deuses que comandavam esses fenómenos e daí resultou a adoração de vários ou apenas de um deus. Ainda hoje se “reza” para chover, para curar o mal que nos “apoquenta”.

Durante muitos anos a Terra foi o centro do Universo, tudo girava à sua volta. Hoje sabemos que assim não é, graças a Galileu que, apesar de condenado e obrigado a renunciar à sua crença (ciência) disse, à hora da morte, “mas ela move-se”.

Assim, ao longo de muitos e muitos anos, séculos, milénios foi possível desvendar muitos “mistérios” dos “fenómenos”, acontecimentos do universo que habitamos.

Mas não nos iludamos porque aquilo que desconhecemos é muito, muito mais do que aquilo que conhecemos, apesar dos avanços científicos do último milénio – passámos da idade das trevas para a idade da “luz da candeia”! No entanto estamos convencidos que somos uma civilização de conhecimentos avançados no mundo que nos rodeia.

Actualmente estamos preocupados com a IA, inteligência artificial, que pode levar o Homem a criar máquinas com “vida” que o possam vir a dominar!

Nos tempos actuais esta IA consegue já efectuar previsões para o futuro com maior probabilidade do que se fazia antes da sua descoberta (não se cria nada, tudo já existe, apenas se vai descobrindo). Mas ainda, mais importante, é que os actuais sistemas de inteligência artificial conseguem aprender como uma criança aprende a andar ou a falar.

Na posse desse “conhecimento” e com a velocidade a que operam os sistemas dotados de IA conseguem resultados que o Homem não consegue. Fazem triliões de operações por segundo e, a cada dia que passa, aumentam estes valores. Mas, nem deste modo se consegue, com precisão, conhecer o futuro que continua a ser a grande incógnita.

O CAOS continua a ser, por enquanto, a ignorância do Homem!

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