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23 SET 2021
OPINIÃO | "Viver Noutros Mundos", por Máximo Ferreira
Por Jornal Abarca

No próximo dia 24 deste mês de setembro, atingirá o auge o programa lançado pela União Europeia para a já tradicional “Noite Europeia dos Investigadores”. Nessa ocasião, o conjunto de atividades preparatórias desenvolvidas em vários países, por muitas instituições dedicadas à investigação, ao ensino e à divulgação de ciência (em áreas diversas), “mostrará” como conseguiu motivar cidadãos para participarem então nas palestras e ações finais, com a intervenção direta de investigadores notáveis.

No Centro Ciência Viva de Constância estará presente o investigador português Pedro Machado, reconhecido em Portugal e internacionalmente como um dos mais notáveis especialistas em atmosferas planetárias, o qual associa aos conhecimentos sobre a atmosfera terrestre, muitos dado obtidos de outros planetas, através de equipamentos instalados em terra e de outros que viajam em naves espaciais ou pousam suavemente nas superfícies da Lua, de Mercúrio, de Marte ou de uma qualquer lua de Júpiter ou de Saturno. Os estudos já efetuados e outros que estão a ser programados (em projetos internacionais, alguns dos quais liderados por Pedro Machado), permitem conhecer, com algum rigor, as condições que – noutros mundos - um eventual viajante partido do planeta Terra encontraria e os obstáculos que teria de ultrapassar (ou contornar) para ali viver durante algum tempo e poder regressar a casa, em boas condições de saúde.

É bem sabido que, para se viver algum tempo (ou para sempre) num mundo muito diferente do nosso, não bastará contar com as atmosferas bem diversas como com a exposição à radiação da estrela mais próxima (no caso de planetas ou luas do nosso sistema solar é, obviamente, o Sol), à gravidade local, à composição e outras caraterísticas do solo. A tudo isso se juntarão as capacidades (físicas e psicológicas) do hipotético “invasor”, para se adaptar a várias circunstâncias, entre as quais a vontade de regressar ou não ao planeta em que nasceu.

Muito provavelmente, o investigador abordará a hipótese contrária, ou seja, como se sentiria um extraterrestre que – vindo de um mundo longínquo – pousasse na Terra. Então, o nosso planeta seria o seu “outro mundo” e ele o “invasor”, a necessitar de respirar (se, nesse aspeto, fosse semelhante aos terrestres), a caminhar sem se desequilibrar ou sem que os ossos se quebrassem (se, no planeta de origem, a gravidade não fosse muito maior ou menor, respetivamente). É claro que, da assistência, sairão outras dúvidas (algumas das quais não saem da cabeça dos investigadores): Como comunicar com eles? Em americano, como nos filmes? Por sinais? Ou saberão eles de outros meios (desconhecidos de nós) para estabelecer comunicação com seres diversos, em qualquer lugar do Universo? Certamente que, no final, ficaremos encantados com algumas das mais recentes descobertas sobre a possibilidade de alguns seres viverem em mundos diferentes daquele em que nasceram e mais curiosos pelas dúvidas que se instalaram em cada um de nós e que, curiosamente, são também preocupações dos cientistas!

No final, haverá convite geral à participação em breves discussões sobre imagens captadas em direto – pelos telescópios do Centro Ciência Viva - de corpos celestes próximos, como a Lua, Júpiter e Saturno, de estrelas “um pouco mais distantes”, algumas das quais seriamente suspeitas de possuírem planetas à sua volta onde o aparecimento e evolução de vida pode ter sido possível.

Mas… não ficará por aqui a “viagem” que se proporá aos participantes desta “Noite Europeia dos Investigadores”: Depois de se recordar que todas as estrelas observáveis no céu pertencem à “nossa galáxia” (vulgarmente referida como Via Láctea), indicar-se-á a posição da nossa vizinha mais próxima, a Galáxia de Andrómeda, cuja luz veremos cerca de dois milhões e meio de anos depois de ela ter saído de lá! Contemplando luz muito “velha” recordaremos que ela corresponde a muitos milhões de estrelas que – por estarem muito distantes de nós – não conseguimos ver como pontinhos separados, alguns milhões delas com planetas à sua volta e, quem sabe, alguns deles habitados ou habitáveis.

Será uma forma humilde e salutar de terminar duas ou três horas a sentir ser muito provável não estarmos sós no Universo, mas que, para termos a certeza disso, será preciso, pela ciência, estudarmos a enorme diversidade que existe pelos confins do cosmos, sempre cientes de que só com trabalho e humildade alguma vez os nossos descendentes se tornarão capazes de compreender aquilo que hoje consideramos como verdadeiros enigmas.

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