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19 OCT 2021
CRÓNICA | "O regresso da BBC Tramagal?", por António Carvalho
Por Jornal Abarca

Com tempo para desbaratar e a pensãozita, até ver, garantida, só o agravamento de alguma das minhas doenças poderá impedir-me de voltar a ser o D. Quixote que sempre julgo ter sido, um político não assumido por reconhecer que tenho pouco carisma, pouco poder de persuasão e pouca apetência para debates de política partidária.

No entanto, os mais de 60 anos já vividos ligados a Tramagal criaram neste lisboeta uma indisfarçável amizade pelas pessoas e coisas de Tramagal que me leva a considerar que sentimentalmente tenho direito a dupla naturalidade...

Gosto de Portugal e de Tramagal. É onde eu gosto e que quero viver o resto da minha vida, por isso os quero ajudar a mudar, para melhor...

Não gosto de ver o meu país e a minha terra assim como estão. Sinto e penso que todos os portugueses e tramagalenses podem e devem contribuir para os tornar melhores.

Sei, por experiência própria e partilhada por muitos dos meus leitores (e leitoras...), que podemos conjugar esforços para alcançar determinados objectivos tendo ideias políticas divergentes. Deve ser essa atitude que devemos cultivar. Estou naturalmente pensando no Coro da SAT e no Coro que o antecedeu do qual já fiz parte... Também não sei quais são as simpatias políticas das raparigas (e dos rapazes...) que há 40 anos tornaram conhecido o nome de Tramagal no atletismo, mas isso não belisca a nossa velha amizade.

Claro que não esqueço os tempos complicados que o PREC criou em Portugal e no Tramagal, mas creio que hoje, quem nessa altura me leu e agora me lê, já percebe melhor as minhas dúvidas e interrogações no artigo que mandei para o extinto Correio de Abrantes, uma semana depois do histórico 25 de Abril, ainda o abarca não tinha nascido

“E DEPOIS DO ADEUS?”

De repente sai-nos a Sorte Grande, quase sem jogarmos, e não acreditamos.

Vivemos e julgamos continuado o sonho de toda a vida.

À escuridão prolongada sucede-se uma aurora demasiado brilhante. Só com esforço vislumbramos os contornos do que nos cerca.

E continuamos a ter medo. Medo das retaliações pessoais, humanas, lógicas e estúpidas. Medo de que os extremos se toquem num círculo de destruição que não podemos consentir. Medo de que volte a noite e o sonho sonhado torne a pesadelo vivido.

Rebentam os diques das manifestações espontâneas, públicas e vibrantes, das conversas que já podem ser francas, dos jantares de confraternização mais ou menos democráticos, das informações sem censura, dos discursos inflamados, das manifestações de adesão mais ou menos floridas. Nas ondas criadas misturam-se o civismo e a hipocrisia, o recalcamento e a ingenuidade, vandalismos e alegria, glória e fraternidade.

E depois do adeus?

Quem vai ser sinceramente humilde para se convencer de que a melhoria da comunidade tem que passar pelo seu próprio aperfeiçoamento?

Quem terá coragem de afirmar que a Revolução ainda está por fazer? E que vai exigir sacrifícios e tempo e uma comunhão de esforços e de objectivos a que não estamos habituados?

Quem saberá ensinar a um povo politicamente analfabeto o dever de trabalhar com honestidade e o direito de ganhar para viver condignamente?

Quem estará disposto a sacrificar-se pela res publica?”

Anos mais tarde, virei “aprendiz de jornalista” e juntei-me à pequena equipa que criara o abarca, num clima de amadorismo romântico em que a liberdade de expressão garantida pela sua directora, Luisa Bastos, e depois pela Margarida Trincão, foi mais do que suficiente para cimentar amizades e uma colaboração que já irá pelos 30 anos.  

É natural que tenha evoluído com o passar dos anos. Eu próprio reconheço que vejo a realidade em perspectivas diferentes, mas no essencial, o núcleo duro do meu sentir e pensar permanece o mesmo:curioso, agnóstico, procurando a verdade pelo diálogo e discussão, reagindo com  azedume e indignação às pantominices, à mentira, à ocultação de actos condenáveis...        
Irrita -me o politicamente correcto e a promoção de problemas em mini-minorias de cidadãos a grandes problemas nacionais...

Haja Saúde e Verdade. A bem da Nação, Unidos venceremos.

 

 

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