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19 FEV 2022
OPINIÃO | "Despejados de Ideias", por Nuno Pedro
Por Jornal Abarca

Tenho por garantido que o teor deste artigo de opinião faria mais sentido se chegasse aos estimados leitores antes da realização das eleições legislativas de 30 de janeiro último. Porque revelaria um caráter de antecipação, trazendo uma evidência que todos aqueles que dedicamos alguma atenção às temáticas desportivas não podemos ocultar. Porque é de uma gravidade extrema e revelador da preocupação, ou melhor, da falta dela, que todo o universo político partidário do nosso país demonstrou no que concerne aos seus programas de legislatura em termos de políticas para o desporto.

Contudo, tal não foi possível, fundamentalmente por uma razão: a apresentação tardia dos programas políticos com que cada partido se apresentou a sufrágio eleitoral, o que não permitiu que este escrito fosse publicado em tempo útil, ou seja, antes das referidas eleições. Mas como sói dizer-se, se soubesse o que sei hoje, o artigo tinha sido redigido muito antes. Aliás, até o podia ter sido no século passado. E porquê? Porque da extrema esquerda à extrema direita, passando pelo centro, as linhas dispensadas a qualquer medida concreta inscrita nos vários programas eleitorais, não passam de umas referências vagas, sem qualquer conteúdo, ou seja, com os respetivos programas a estarem completamente despejados de ideias quanto aos assuntos desportivos.

Ou seja, pese embora uma tentativa desesperada para encontrar algo que suscitasse interesse e manifestasse a vontade de um qualquer partido político ter uma ação proativa na área do desporto, o resultado foi bola. Ideias ou projetos é realidade que não lhes assiste. Coisa nenhuma.

Quando ainda julgamos que o desporto é utilizado para atingir objetivos eleitorais, com toda a legitimidade considerando a importância que tem no contexto da prática desportiva e social, repito, nos vários programas partidários foi atirado para as calendas gregas.

E este cenário traz-me à memória imagens de muitos políticos sentados em tribunas presidenciais, festejando vitórias como se fossem suas, exaltando com as medalhas conquistadas – como eles gostam de uma fotozinha para a posteridade – sem esquecer as mordomias que usufruem quando nada contribuíram para elas. Enfim, uma classe que só se lembra do desporto quando se ganha. Nos outros dias, esquecimento, desinteresse total. E tanto que haveria para dissecar, transformar em propostas objetivas que valorizassem uma área ávida de intervenção. A dignificação da classe dirigente, a reestruturação de toda a atividade do desporto escolar em articulação com os fenómenos desportivos paralelos…

Infelizmente, a conclusão a que chegamos, aqueles que diretamente estamos envolvidos com o fenómeno desportivo, é que os tempos continuam a ser de oportunismos e não de oportunidades como é exigido.

Não tenho dom de adivinho, nem estou dotado de qualquer poder sobrenatural que me permita dizer quem venceu as eleições. Mas para o caso, é o que menos interessa. Porque quanto ao Desporto, nenhum sabe conversar!

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