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20 SET 2022
OPINIÃO | "Canal de Alfanzira", por Humberto Lopes
Por Jornal Abarca

Na célebre batalha de Alcácer-Quibir a 4 de Agosto de 1578 morre D. Sebastião, rei de Portugal.

Houve durante muito tempo a crença de que o rei não teria morrido, mas simplesmente desaparecido e que num dia de nevoeiro regressaria ao País e ao seu trono! Era o tão invocado sebastianismo que ainda hoje alimenta o espírito de alguns portugueses – um dia virá o D. Sebastião que fará renascer Portugal!

Como D. Sebastião não tinha herdeiros, o trono foi para o Cardeal D. Henrique que, ao morrer, não tendo descendentes levou a que, de todos os pretendentes, fosse Filipe II de Espanha o sucessor no trono do reino de Portugal.

Assim, a partir de 1580 fomos governados pelos reis de Espanha até 1640.

Filipe II de Espanha foi designado como Filipe I de Portugal.

Filipe I de Portugal terá numas Cortes em Tomar tomado a decisão de tornar o Rio Tejo navegável de Lisboa até Madrid por barcos que podiam transportar por via fluvial o que por terra era de extrema dificuldade. Na Freguesia de Mouriscas, o Rio Tejo passa por uma zona de muito difícil navegação, chamada Cachão, devido ao facto da rocha no seu leito provocar rápidos e o leito ser de pequena profundidade. Esta era uma grande dificuldade para as pretensões de Filipe I. Segundo o Doutor Joaquim Candeias da Silva foi nestas cortes de Tomar que Filipe I determinou a construção de um canal na margem direita do rio, ao lado do tal Cachão, que permitiria a passagem dos barcos, puxados à sirga, evitando a tal zona das rochas no meio do leito.

E assim, foi construído o Canal de Alfanzira na margem direita do Rio Tejo na Freguesia de Mouriscas que ainda hoje dura para quem o quiser apreciar!

Obra de grande vulto para a época, 1583, feita com o esforço braçal do Homem e o engenho do Engenheiro Juan Baptista Antonelli.

A fotografia que apresentamos diz-nos do estado de não conservação deste “monumento histórico” do Concelho de Abrantes.

É pena que Abrantes não tenha promovido a classificação deste monumento e não tenha cuidado da sua preservação servindo como ponto de grande interesse histórico e turístico.

Segundo consta, vislumbra-se uma pequena luz ao “fundo do túnel” que poderá vir a recuperar alguma parte o referido canal e a torná-la acessível a historiadores e visitantes em prol do desenvolvimento do Concelho e, já agora, da Freguesia de Mouriscas.

Não quero fazer juízos de intenção, mas faço uma pergunta aos meus leitores:

Acham que se o Canal de Alfanzira fosse situado numa das margens do Rio Tejo em Abrantes estaria neste estado de degradação?

Eu digo que não estaria, mas cada um pensará o que muito bem entender!

 

 

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