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17 ABR 2023
OPINIÃO | "Eclipse total do Sol em Timor", por Máximo Ferreira
Por Jornal Abarca

Na verdade, o acontecimento poderá ser observado ao longo de uma estreita faixa com vários milhares de quilómetros, embora a maior parte desse percurso (da sombra da Lua) se situe no mar! Não são muitos os locais em terra em que, certamente, milhares de curiosos e astrónomos profissionais se colocarão, os primeiros para apreciarem a beleza do mais espetacular fenómeno que a natureza nos proporciona e os segundos para registarem imagens em luz visível e noutros comprimentos de onda para, depois, compararem com registos idênticos obtidos noutras ocasiões.

Um eclipse solar resulta de interposição da Lua entre o Sol e a Terra, ou seja, apenas na fase de Lua Nova, e acontece, geralmente, duas vezes por ano, excecionalmente três. Para além de raro, ele só é visível de uma estreita faixa da superfície terrestre e sempre na metade da Terra onde é dia, isto é, onde o Sol está à vista. O facto de, em geral, haver uma Lua Nova todos os meses e na maioria deles não haver eclipse, levou à descoberta da inclinação da órbita lunar relativamente ao plano da órbita da Terra, razão por que a Lua passa quase sempre entre a Terra e o Sol, acima ou abaixo de uma linha imaginária que unisse os centros dos três astros.

Mas existem outros elementos importantes neste conjunto de fatores que determinam a ocorrência dos eclipses, nomeadamente a distância entre a Lua e a Terra e o diâmetro aparente da Lua, tendo em conta a distância e o seu tamanho real. Por feliz coincidência, a distância média entre a Terra e a Lua é cerca de quatrocentas vezes mais pequena do que aquela que nos separa do Sol e o diâmetro do nosso satélite é quatrocentas vezes menor do que o Sol! É por isso que a Lua Cheia nos parece (no céu) do mesmo tamanho que o Sol.

No entanto, sabemos que a Lua orbita a Terra segundo uma trajetória que não é exatamente circular, pelo que - numa ocasião propícia à ocorrência de eclipse solar - ela pode estar um pouco mais próxima ou mais afastada de nós. Assim, embora cumprindo a condição de os centros dos três astros (Terra, Sol e Lua) estarem alinhados, a Lua tapará completamente o Sol (eclipse total) se estiver mais perto de nós, enquanto deixará um anel (anulus, em latim) de Sol (eclipse anular) por, estando mais distante, nos parecer menor do que o Sol. É raro acontecerem estes dois eclipses numa mesma ocasião e, quando isso acontece, designa-se por eclipse híbrido, como resultado de o eclipse ser uma coisa (total) e outra (anular).

Ora, o eclipse do próximo dia 20 de abril será híbrido, pois nos locais de onde se veja o Sol eclipsado - ao princípio e ao fim do dia, ocasiões em que a Lua está mais afastada do observador - observar-se-á um anel de Sol que vai diminuindo até o disco solar ficar completamente “preenchido” pelo disco escuro da Lua. A fase de totalidade - a mais espetacular - dura sempre menos de cinco minutos e, desta vez, não será superior a 1 minuto e 18 segundos, ocorrendo a maior duração a meio da referida faixa de milhares de quilómetros. Para felicidade de quem estiver em locais do nordeste de Timor (se o céu não estiver nublado), será perto dessa região que o fenómeno dura mais tempo. A cidade de Viqueque está exatamente na linha de centralidade, significando isso que o Sol será visto como um disco escuro (a parte da Lua voltada para a Terra) envolvido por uma auréola luminosa cujas irregularidades darão (aos astrónomos) preciosas informações sobre o “estado” do Sol. A fase de totalidade ocorrerá às 13 horas e 19 minutos locais (em Portugal serão 02:19), mas muito antes (e depois) desse momento, é observável a evolução do eclipse desde parcial, anular, total e, novamente, parcial.

Na costa ocidental da Austrália situa-se a pequena cidade de Exmouth, integrada num dos maiores parques naturais do mundo (Património Mundial UNESCO), também ela situada na faixa de centralidade do eclipse, que receberá cerca de 20 000 pessoas para observar o eclipse e de onde será efetuada a transmissão do acontecimento pela internet. Estão em curso os preparativos para que o Centro Ciência Viva de Constância efetue a retransmissão em tempo real, a partir das 02:30 da madrugada do dia 20 de abril.

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