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01 AGO 2007
ABRANTES: "ELES SÓ NOS TÊM A NÓS"
Por SÓNIA PACHECO


No Canil/Gatil Intermunicipal de Abrantes, Constância e Sardoal, todo o trabalho resume-se a “muito amor e mimo pelos animais”, declara Conceição Estácio, presidente da ADACA, entidade gestora deste equipamento.

 

O “Velhinho” aparenta ter 15 anos. Toma diariamente comprimidos para o coração, tem tosse cardíaca e, talvez, leishmaniose. Foi encontrado na Rua de Angola, em Abrantes, cravado de tiros de caçadeira. Agora é a “mascote” do Canil/Gatil Intermunicipal de Abrantes, Constância e Sardoal. Este cão, que “só quer mimo, nunca sairá deste canil, não vamos permitir que ele nos deixe”, declara Conceição Estácio, presidente da Associação de Defesa dos Animais do Concelho de Abrantes (ADACA), entidade gestora deste equipamento. “Somos duas pessoas da associação que temos esta disponibilidade e este amor pelos animais”.

O dia começa cedo com as idas ao veterinário ou com as compras necessárias. A partir das 10h15 chegam ao canil e, durante toda a manhã, trata-se da higiene. Os cães são soltos enquanto as respectivas boxes são limpas, mas enquanto que uns são mais endiabrados, outros “não querem ir para a rua com medo de ficarem sozinhos outra vez”, diz Conceição Estácio. Depois de recolhidos, é-lhes dada a alimentação e, “sobretudo mimos. Somos incapazes de ficar quietas”. A tarefa só termina depois das 13h30 e, muitas vezes, a hora de almoço também é hora para ir ao veterinário. Há a preocupação de tratar imediatamente dos cães, não só devido à sua própria saúde, mas também para que a doença não se propague. A tarde é dedicada à medicação, de acordo com as tabelas criadas para cada cão, e, se houver tempo, faz-se algum trabalho de escritório até, pelo menos, às 18h00. É esta a rotina de todos os dias, incluindo feriados e fins-de-semana. “Os dias são sempre iguais, mas extremamente compensadores”, por exemplo, “pela alegria que demonstram ao ver-nos chegar. Eles só nos têm a nós, só podem contar connosco”.

Para Conceição Estácio, os animais são como as pessoas, cada um tem a sua personalidade. O “Sweet” (doce), por exemplo, “fica rouco diariamente só para ter um bocadinho de atenção”. Já o “Velhinho”, que andou uma tarde inteira com algodão no nariz embebido em água oxigenada, apresenta preocupações especiais. O tratamento é “personalizado”, cada um é especial à sua maneira e cada um tem a sua história. “Mas é aqui que vamos construindo as histórias deles”. Num quadro ali colocado são, diariamente, escritas as principais notícias do dia. Todo o trabalho resume-se a “muito amor e mimo pelos animais”.

Aqui a ADACA tem como função o tratamento e adopção dos animais abandonados e a recolha é executada pelas câmaras. Por outro lado, “isto não é um hotel”. O canil é para animais em risco e não para despejo de animais que os donos já não querem. Ninguém se pode “desfazer de um cão que já tem mimo e uma família só porque vai mudar de casa”. Conceição Estácio alerta que é necessário pensar muito bem antes de se ter um cão, assim como, é importante o controlo da natalidade para não se correr o risco de se querer abandonar animais quando já se tem muitos. No entanto, a ADACA faz prestação de serviços ao domicílio. “Podem ir de férias e durante esse tempo tratamos dos animais, antes de virmos para o canil e antes de voltarmos para casa”.

A funcionar desde 25 de Junho de 2007, o Canil/Gatil tem capacidade para 75 cães e 15 gatos. Actualmente, alberga 30 cães. Os quatro gatos já foram adoptados. “É mais difícil apanhá-los, sobrevivem melhor sozinhos e dão-se mais facilmente que os cães”.

As raças são moda, mas os mais abandonados são aqueles que não têm raça definida. Os maus tratos são um factor comum, mas também há muitos cães “extremamente sãos” que são abandonados “por causa do seu tamanho, por os donos irem de férias ou mudarem de casa”. No canil há vários cães com menos de um ano. “Costumo chamar os cães de natal. É muito engraçado dar um cachorro a uma criança, mas quando crescem acabam por os deixar”.

Cada câmara dá uma quantia diária por cada cão que traz durante uns dias e a partir daí todos os encargos são da associação. Por isso, a ADACA “precisa de continuar a angariar fundos”. Conceição Estácio faz questão de mencionar os apoios da Clínica Veterinária do Chafariz e da loja Animaláxia, onde a associação tem uma conta corrente para a qual qualquer pessoa pode contribuir em dinheiro ou alimentação. “Agradeço que nos ajudem”. A associação pretende também promover-se e promover o canil através de campanhas e feiras, estando já pensada a realização de uma feira mensal para adopção. “A nossa força vem do olhar e do mimo que cada animal nos dá”. Aliás, “não temos um único cão que seja perigoso”.

A ADACA criou também um novo site com o objectivo de promover a adopção de animais a partir da Internet.

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