Natural de Tramagal (Abrantes), Fernando Alpalhão conquistou, em 2006, o título de Campeão Nacional de Pesca da I Divisão que lhe dá acesso ao Campeonato do Mundo.
“Julgo que não há nenhum pescador que consiga dizer isto: já fui campeão nacional de todas as divisões que existem, não só individualmente, mas também por clubes”, declara orgulhosamente Fernando Neto Alpalhão que, em 2006, conquistou o título de Campeão Nacional de Pesca da I Divisão, o único troféu que faltava ao seu palmarés. “Só me faltava ganhar nos melhores!”
Durante quatro fins-de-semana, o número 3927, da Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, disputou oito provas nas pistas de Chaves, Cavez (Cabeceiras de Basto), Coimbra e Cabeção (Mora), para o nacional da I Divisão que é disputado pelos 12 elementos que já a constituem e por mais 12 que acabam de subir. Neste último grupo, estava Fernando Alpalhão que, em 2005, tinha sido campeão na II Divisão e, em 2006, conseguiu fazer história: pela primeira vez, um dos atletas que acabava de ascender à I Divisão conquistou, imediatamente, o primeiro lugar. “Este ano ganhou o maçarico”, exclama Fernando Alpalhão com um enorme sorriso. O troféu, para além da satisfação, dá-lhe ainda acesso garantido ao 54.º Campeonato do Mundo em Seniores, a disputar, em Setembro de 2007, na Hungria.
No entanto, não é uma estreia em competições internacionais, tendo já sido chamado quatro vezes para trabalhos de selecção. Fernando Alpalhão disputou torneios latinos, um torneio ibérico e já participou num mundial de clubes, onde conquistou o 11.º lugar entre 165 atletas.
Para além destas quatro internacionalizações, no seu currículo constam centenas de primeiros lugares em pesca lúdica e várias conquistas nas competições regionais que o atiraram para a III Divisão Nacional. A partir daí, foi só somar vitórias. Hoje, com 41 anos, o atleta pertence à elite, onde só há lugar para 12 pescadores.
Natural de Tramagal (Abrantes), Fernando Alpalhão esteve sempre ligado às actividades da pesca e foi nesta modalidade que se distinguiu apesar de ter praticado quase todos os desportos. “Apanhei o vício com o meu pai”, conta o atleta. “Aos sete anos já sabia empatar um anzol. Hoje, há pessoas que pescam todos os dias e não o sabem fazer”. O atleta pescava no Tramagal Sport União (TSU) quando começou a dar nas vistas. Tinha pouco mais de 20 anos e “estava a ganhar tudo o que havia para ganhar”. Foi então convidado para fazer parte da equipa de fábrica TEAMVEGA, onde esteve três anos. Voltou para o Tramagal, casou e mudou-se para Abrantes, onde integrou os Amadores de Pesca de Abrantes, clube a que hoje preside.
Fernando Alpalhão confessa que, para além ser um apaixonado pelo jogo e pela competitividade, sempre sentiu que tinha aptidão. “Hoje, se calhar, só já sei pescar a competir”, acrescenta o atleta que afirma que o segredo para o seu sucesso foi sempre o saber lidar com as dificuldades. Mas a perfeição é a única maneira de praticar pesca de alta competição. Segundo Fernando Alpalhão é preciso ter aptidão natural, ter o vício de ser perfeito e ainda ter material “condigno para poder ombrear com os diversos adversários”. No entanto, o material é caríssimo, obrigando os pescadores a investir bastante. Na sua carreira, que já conta com 22 anos, o atleta revela que já gastou mais de 20 mil contos. Por outro lado, é também fundamental a preparação física, assim como, psicológica, uma vez que “tem que se ter vontade de pescar, ganhar e trabalhar”.
Fernando Alpalhão faz ainda questão de sublinhar que o seu sucesso também se deve ao apoio da sua mulher e do seu filho. “Tenho uma família espectacular que vibra comigo nos dias de sucesso e dá-me o conforto necessário nos dias em que as coisas correm menos bem”.
O atleta, que pratica a modalidade duas a quatro vezes por semana, prefere pescar “no Tejo, no berço, em Tramagal, em frente a Rio de Moinhos, para poder olhar para trás e rever tudo”. Presentemente, ensina todos quantos lhe pedem ajuda para se iniciarem nestas lides. Quanto às suas preferências a nível de espécies diz que “para chegar a este nível não se pode escolher”. No entanto, julga ter mais aptidão para pescar barbos.
Para além de dirigir a “Casa Alpalhão”, um estabelecimento comercial de artigos de pesca, o atleta faz também consultadoria com marcas de renome na escolha e na feitura de alguns produtos, assim como, apesar de já ter chegado ao topo, ainda tem projectos que quer ver concretizados. O próximo passo é dedicar-se à pesca embarcada ao achigã.
Fernando Alpalhão considera que “a modalidade já começa a ter montra”, sendo o terceiro desporto mais praticado em Portugal. Defende que se devia investir mais na pesca, tal como se investe noutras modalidades.
Relativamente à nova pista internacional de Abrantes, a construir no açude insuflável, o atleta, considera que é “uma promessa aliciante”, revelando que já está agendada para esta pista a final da taça da 1.ª Associação Regional de Pesca Desportiva do Rio. A prova, a realizar em Setembro de 2007, pretende pôr os craques a pescar com os que se estão a iniciar. É uma ideia de Fernando Alpalhão que afirma que “Abrantes pode ser a capital da pesca”.